quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Turismo afetivo IX - "A chegada da televisão"

Lourival Libânio, Sargento Mitre e José Julião Neto acertam o sinal da primeira repetidora de TV de Cerro Corá

Por José Vanilson Julião

O leitor fiel do blog "Cerro Corá News" viu e leu que, durante a Copa, fiz um artigo recordando as peripécias dos torcedores locais para assistir o campeonato mundial no Mexico (1970).
Quando uma gambiarra de antena proporcionou a assistência numa casa alugada em Lagoa Nova. Porém a chegada da captação definitiva do sinal de alguma emissora em Cerro Corá demora algum tempo.

Eu até pensava que teria ocorrido em 1971, mas para surpresa do redator, ao tentar pescar dados precisos, me deparo com uma fotografia no "Portal Memória Brasileira" com o seguinte título acima: "tv repetidora cerro corá jws" (em minúsculas mesmo).

A foto de janeiro de 1972 mostra o sargento do Exército, Raimundo Mitre, de costas, fazendo os ajustes para captação do sinal de televisão. Sob o olhar atento do prefeito José Julião Neto. Quem também aparece é vereador Lourival Libânio de Melo.

O "jw" em questão trata-se do jornalista paranaense José Wille, ex-âncora da Central Brasileira de Notícias (CBN) - afiliada do Sistema Globo de Radio (SGR). E repórter do "Bom Dia, Paraná (RPC), afiliada Globo. So para resumir o resumo do currículo dele.

O curioso é que em seguida ao texto com o título - "Como a TV chegava no interior no passado" - certamente ele faz confusão com a Cerro Corá do Paraguai e sapeca a legenda "Repetidora de TV no Mato Grosso em 1972."

Ou com certeza fez correlação com a TV Cerro Corá, de Assunção, capital paraguaia, inaugurada em 20 de setembro de 1965.

O "Cerro Corá News" posta, em 13 de novembro de 2010,  uma foto no alto do "Cruzeiro", onde foi chantada a torre repetidora e equipamentos, na qual se ver a garotada.

Tudo isso veio a tona ao passar pela Rua Monsenhor Paulo Heroncio e repassar na memória toda as casas dos amigos da infância e pré-adolescência, entre elas as residências que primeiro passaram a ter o eletrodoméstico mais cobiçado daqueles tempos, depois da geladeira e o ferro de engomar elétrico.

Não recordo a ordem, mas as primeiras famílias a possuírem televisão, em preto e branco, das famosas marcas da época (Telefunken, Philco, Philips, ABC e Colorado), foram dona Lilia/Lourival Bezerra da Costa, dona Marieta/Luizinho Guedes e dona Ritinha/Luiz Bezerra da Costa.

Essa nova situação era mais uma alternativa para o passatempo da criançada. Agora dividida com os banhos no açude Eloy de Souza e as peladas no campo "Othon Osório". Preferencialmente a tarde, quando era exibidos os desenhos animados e as séries de tv. Mas a noite ainda tinha o rescaldo para uma telenovela ou para um programa de auditório.

Eu assistia a programação televisiva, preferencialmente, na casa do meu amigo e goleiro do Botafoguinho, José Ednaldo Bezerra da Costa, o "Louro", claro, na casa de dona Lilia, que para o espanto do redator, nunca fez cara feia para ninguém. Tampouco Dalvina, a fiel governanta da casa.

Mas também comparecia a alguma sessão futebolística na casa da professora Ritinha Bezerra, a mãe do craque Luiz Júnior, o "Garrincha". Como aconteceu na transmissão do selecionado brasileiro a Europa em 1973, antes da Copa da Alemanha (1974). Na casa de dona Marieta também fui telespectador casualmente, até para não encher o saco nas outras casas.

Nesse tempo a TV Globo não era sintonizada no Seridó. A única recepção era da TV Rádio Clube do Recife, a capital pernambucana, integrada à Rede Tupi de Televisão, pertencente ao conglomerado de mídia fundado pelo paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo.

Portanto foi pela televisão dos "Diários Associados" que comecei a me familiarizar com personagens ficticios que já tinha algum conhecimento pelas histórias em quadrinhos da Rio Gráfica e Editora ou da Editora Brasil-América Limitada, do famoso acrônimo EBAL.

Casos de "Zorro", "Durango Kid", "Paladino do Oeste" e "Daniel Boone" no ramo do faroeste. Ou as aventuras africanas de "Tarzan" e "Jim das Selvas", interpretados pelo mesmo ator americano, John Weismuller, um ex-campeão de natação olímpica. A lista é longa... Nem citei os desenhos animados.

Nem vou me alongar nas explicações, mas sugiro ao leitor pesquisar sobre as novelas líderes de audiência: "Meu Pé de Laranja Lima", "Mulheres de Areia" e "A Fábrica", entre outras. E sobre os comunicadores: Flávio Cavalcanti, Mauro Montalvão e Jota Silvestre (os mais famosos).

A criançada ficava atenta, de pescoco espichado, sentada no chão mesmo. Perto do aparelho até. Enquanto não acontecia a chamada para o futebol.

Tem até uma passagem hilária com José Tarcísio de Lira. Que costumava cair no sono. Numa acochegante poltrona individual na casa de dona Lilia (lembro até a cor: bege).

Ele adormecia sempre no horário das novelas. E ao despertar do rápido sono sapecava: - Vixi, que cochilo besta... (todo mundo caía na risada).

Enfim, a chegada da tv coincidiu com a já chegada da energia de Paulo Afonso, dois anos antes.
Assim a garotada, quase sempre, estendia a noitada até perto das 23 horas. Com as séries para os adultos...

3 comentários:

Anônimo disse...

Jose Julião Neto. Saudades desse amigo, da antiga CDM.

Anônimo disse...

Muito bom esse artigo

Anônimo disse...

Presencie muitas destas coisas que você fala.um infância de alegria 😂