A COCEIRA DE ZEFINHA
(Ivanilson França Vieira)
CAPITULO 5
Nicodemos era um Soldado antigo com mais de 30 anos de Policia. Estava na cidade já há mais de 20 anos e conhecia a todos. Quando Dr. Carlos entrou na Delegacia e deu a queixa Nicodemos quase que desmaiou. O que ele ia fazer? Prender Miro? Impossível! Miro era como um touro brabo, com o culhões amarados, ninguém conseguia detê-lo.
Durante a noite Nicodemos não consegui dormir. Estava pensando o quanto foi ruim para ele essa “promoção” depois de mais de 30 anos como soldado. “Meu primeiro caso ser logo com Miro? Meu Deus! Se eu não achar uma solução acho que ou eu morro ou sou expulso da PM”.
Miro vinha com Zefinha na caminhonete de Seu Daguimar. Zefinha estava sentada de lado, tamanho era o ferimento. Mas, Miro fazia questão de não falar para ninguém aonde era a doença de Zefinha. “Somente o dotô deve sabê e ai dele se contá pra ôta pessoa” pensava ele.
Quando chegou ao Posto de Saúde, Nicodemos estava à frente de todo o pilotão da cidade composta ele e mais dois soldados. Via-se o medo estampado na face de cada um.
Nicodemos foi falar com Miro quando ele já havia ajudado a Zefinha a descer da caminhonete.
- Bom dia Seu Miro!
- Bin dia, Soldado de Merda. Sôbo que tu foi promovido. Purisso é qui ninguém acridita nos mercanha de hoje. Teve algum probrema que o sinhô tá aqui junto com os outros merganha?
- Si... si... si.. Sim seu Miro. (gagejou Nicodemos) Eu priciso falá com o Sinhô.
- Agora não, Nicodemo, eu vô levá a Zefinha no Dr. Ansim que acabá eu falo cum tu, viu?
- Mai seu Miro, é que... (Nem chegou a terminar e miro disse)
- Meu fie, vá prá degolacia qui eu num vô dexá Zefinha só cum aquele safado do Dr. Carlo não, viu? Vá antes qui eu me arrete aqui.
Nicodemos olhou para os soldados e viu neles um medo maior do que o seu. Ficou até feliz, pois assim eles não iam fazer gozação. Miro entrou e Nicodemos juntou os dois comandados e disse:
- Bom, vamo isperá. Eu num quis dizê a ele que o Dr. Carlo tinha dado parte dele, pruquê sei qui ele mataria o Doutor.
- E a nói tombem... Disse Benjamin soltando bufa de tanto medo.
Quando viu o Miro entrar com a mulher, Carlos quase que faz como o Soldado Benjamin. Mas, Controlou-se e disse:
- Bom dia, seu Miro, o delegado estava querendo falar com o sinhô.
-Ele falô comigo já e eu dixe a ele que aispois de Zefinha ser atendida eu falo cum ele. Num quero deixá a Zefinha aqui, sozinha com o Sinhô, Dotô. O sinhô sabe que eu num confio no sinhô.
Carlos nada falou. Sem saber o que fazer, resolveu “quebrar o gelo” e olhando para Zefinha disse:
- Bom Dia, Dona Zefinha, a senhora tá bem?
- Doto o sinhô ta quereno brincar com a gente é? Se ela tivesse bem ela vinha aqui fazer o que ê? (Falou Miro)
- Desculpe, seu Miro, apenas quis é uma frase solta.
- Intão sigure essas frase e atenda logo minha muié.
- Ta certo, Seu Miro. Dona Zefinha a Sra. podia me dizer como tudo começou?
- Dotô, eu num sei bem. O qui sei é que desdasemana passada que eu tô ansim, com essa cocêra.
- A senhora lembra de ter havido sentido alguma picada, algum bicho a mordeu?
- Não, Doto, num me alembro não.
- Nada a mordeu?
Zefinha olha para Miro e pergunta?
- Meu véi, posso falá?
- Fala minha fia, si é pro teu bem.
- A murdida que quage todo dia eu sinto é de Miro na horas da camaradegi.
Doutor Carlos riu e quando olhou para Miro parou de rir imediatamente.
- Bom Seu Miro, vamos ver o que eu posso fazer. Tenho que ver a ferida como está, tenho que...
- DOTÔ, HOMI NINHUM VAI OIÁ PRUS QUARTO DE MINHA ZEFINHA (Esbravejou Miro, já chateado).
- Ela já contou a istóra, intão. Dê logo o remedho... E num fale oiando para minha Zefinha não, pregunte a ela mai oiando para mim. Ela num é môca não.
- Mais seu Miro... espere um pouco... Seu Miro, por favor, vá até a sala ao lado e chame a Enfermeira Das Dores. Ela como mulher pode ver a ferida de Dona Zefinha e vai me passando os detalhes. Assim eu posso medicar passando o remédio certo para ela ficar boa.
Como que num impulso, Miro levantou-se e foi procurar a enfermeira Das Dores.
Dr. Carlos aproveitou-se da ausência do marido da paciente e tentou convencê-la a dar uma olhada nas nádegas dela. Zefinha não aceitou, mas o médico continuou insistindo.
Enquanto isso, Miro já havia passado por duas salas e a enfermeira solicitada não estava. Alguém informou que ela tinha saído do Hospital para ir tomar café na Lanchonete de Dona Palmira.
Dr. Carlos, usando o argumento que ela somente ficaria boa se ele visse a parte afetada, além de repetir o que dissera a Miro sobre o Câncer e o sofrimento com o tratamento fez Zefinha ficar pensativa. Ela disse ao Dr. Carlos:
- Doto, se Miro mim vê ansim, ele mata nói dói.
- Levante a roupa devagar... Eu vou por umas luvas.
Zefinha começou a levantar a roupa. Ela já estava com os joelhos à mostra quando Miro entrou de supetão na sala.
- ZEFINHAAAAA! ! ! O QUÉ QUI TÁ HAVENO AQUI????
SERÁ QUE MIRO VAI MATAR O DOUTOR CARLOS?
E ZEFINHA MORRERÁ TAMBÉM?
VOU CONTAR NO SEXTO CAPÍTULO