Quadra filatélica do selo comemorativo dos mil gols de Pelé. Selo faz parte da coleção de João Batista de Melo Filho |
Por José Vanilson Julião
A primeira visita cerrocoraense teve como anfitrião
"João de Batista", também chamado de 'JB", pelos mais jovens e
mais chegados.
O encontro com o ex-prefeito da cidade por quatro
mandatos, consecutivos e alternados, não estava prioritariamente na minha
programação.
A reunião fazia parte da agenda do mano José Valdir
Julião e pensei, inicialmente, que faria uma entrevista de política para o blog
"Cerro Corá News".
Nada disso. A conversa inicial ocorre sobre pesquisa
que ele está fazendo sobre as antigas e mais tradicionais famílias do
município. Inclusive de gente de fora que veio morar na cidade.
Assim sendo Valdir havia sido convocado para informar
sobre a parentela dos meus pais, José Julião Neto e Damiana Ribeiro Julião (dona
Tinoca). Ele de Santana dos Matos, ela natural do lugar.
E eu entrei de gaiato no navio para ajudar na declinação
dos nomes dos ascendentes e descendentes. Bisavós, avós, tios, primos, etc. Assunto
que será tema de outro artigo futuro.
Sugeri ao "Jotabê" que o importante e
interessante levantamento dever ser transformado um livro sobre
"genealogia", sendo o ponto final para resgatar as históricas
famílias.
"A maioria dos jovens desconhece os nomes das
pessoas que fizeram a história e construíram essa cidade", justifica o
interlocutor.
Ele mesmo filho de um "forasteiro", vindo do
vizinho município de São Tomé, casado com uma cerrocoraense.
João Batista de Melo filho recebe na pia batismal e na
certidão de nascimento o nome do pai, o principal motorista de aluguel
requisitado pela sociedade local entre os anos 40/70.
Conversa vai, conversa vem, lembranças afloradas. O
que me fez pensar, inicialmente, em colocar o seguinte título no artigo:
"O colecionismo de selos".
Isto porque Valdir lembrou que João Batista deu aos
irmãos um selo com "Pelé". Comemorativo a conquista do Tri na Copa do
México (1970). Logo depois que ele teve alta em Natal para tratar de uma
tuberculose em casa por recomendação médica.
JB ainda tem os selos. Assim como Valdir. O que me fez
recordar outro “ajuntador filatélico”, o jornalista Eugenio Pereira Soares,
filho do pecuarista João Soares do Nascimento e dona Zilma Pereira Soares, dedicada diretora do Grupo
Escolar Querubina Silveira.
Eugenio mostrava exóticos e coloridos selos de países
diversos, presentes da irmã Edná, no retorno do turismo europeu e asiático nos
anos 60/70.
Outro filatelista era João Emanoel do Rego Costa (já falecido),
mencionado em artigo anterior. Herdou a coleção de parentes, praticamente já
feita, com estampilhas brasileiras dos anos 40/50.
Se a dupla não tinha parentes indo para o exterior a
alternativa: aquisição dos novos selos que chegavam na agência dos Correios e
Telégrafos ou pela correspondência com colecionadores.
Os gêmeos ficaram até ‘íntimos” do agente Lindolfo
Soares – irmão dos agropecuaristas João e Chico Soares – pela frequência
semanal em busca de novidades ou para o recebimento das cartas com estampas ou
encomendas do reembolso postal.
Com a aposentadoria de Paulo do Correio (pai do craque
Toinho da Caern), o carteiro que herdara a função do sogro, Francisco Trajano
da Paz, não tinha trabalho a mais.
Vi muitas vezes o açuense “Seu” Trajano bebericando um
aperitivo na pequena mercearia de meu avô José Julião Filho, em frente o
descampado onde hoje é a Praça Maria Luíza Guimarães.
A agencia ficava em anexo da casa de dona Maria Galvão,
mãe do ex-prefeito José Walter Olímpio, nome de praça no bairro Tancredo Neves
(antiga Casa Velha), com a Escola Belmira Gouveia sendo um dos meus pontos de
referência da memória.
Uma atração: um bojudo telefone preto, movido a
manivela destinada a acionar uma bateria (uma enorme pilha Ray-O-Vac, “a
amarelinha”), pendurado na parede do escritório.
O segundo assunto secundário aparece: o Grêmio
Presidente Kennedy (fundação, sede, diretorias, atividades sociais, festas e
futebol).
O GPK, inclusive, revela pela primeira vez, foi um dos bastiões para João Batista (vice Zé Rodrigues) ser eleito pela primeira vez em disputa com papai na campanha de 1976, assunto a ser detalhado depois.
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