quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Turismo afetivo VIII - "Uma vista a João Batista"

 

Quadra filatélica do selo comemorativo dos mil gols de Pelé.
Selo faz parte da coleção de João Batista de Melo Filho

Por José Vanilson Julião

A primeira visita cerrocoraense teve como anfitrião "João de Batista", também chamado de 'JB", pelos mais jovens e mais chegados.

O encontro com o ex-prefeito da cidade por quatro mandatos, consecutivos e alternados, não estava prioritariamente na minha programação.

A reunião fazia parte da agenda do mano José Valdir Julião e pensei, inicialmente, que faria uma entrevista de política para o blog "Cerro Corá News".

Nada disso. A conversa inicial ocorre sobre pesquisa que ele está fazendo sobre as antigas e mais tradicionais famílias do município. Inclusive de gente de fora que veio morar na cidade.

Assim sendo Valdir havia sido convocado para informar sobre a parentela dos meus pais, José Julião Neto e Damiana Ribeiro Julião (dona Tinoca). Ele de Santana dos Matos, ela natural do lugar.

E eu entrei de gaiato no navio para ajudar na declinação dos nomes dos ascendentes e descendentes. Bisavós, avós, tios, primos, etc. Assunto que será tema de outro artigo futuro.

Sugeri ao "Jotabê" que o importante e interessante levantamento dever ser transformado um livro sobre "genealogia", sendo o ponto final para resgatar as históricas famílias.

"A maioria dos jovens desconhece os nomes das pessoas que fizeram a história e construíram essa cidade", justifica o interlocutor.

Ele mesmo filho de um "forasteiro", vindo do vizinho município de São Tomé, casado com uma cerrocoraense.

João Batista de Melo filho recebe na pia batismal e na certidão de nascimento o nome do pai, o principal motorista de aluguel requisitado pela sociedade local entre os anos 40/70.

Conversa vai, conversa vem, lembranças afloradas. O que me fez pensar, inicialmente, em colocar o seguinte título no artigo: "O colecionismo de selos".

Isto porque Valdir lembrou que João Batista deu aos irmãos um selo com "Pelé". Comemorativo a conquista do Tri na Copa do México (1970). Logo depois que ele teve alta em Natal para tratar de uma tuberculose em casa por recomendação médica.

JB ainda tem os selos. Assim como Valdir. O que me fez recordar outro “ajuntador filatélico”, o jornalista Eugenio Pereira Soares, filho do pecuarista João Soares do Nascimento e dona Zilma Pereira Soares, dedicada diretora do Grupo Escolar Querubina Silveira.

Eugenio mostrava exóticos e coloridos selos de países diversos, presentes da irmã Edná, no retorno do turismo europeu e asiático nos anos 60/70.

Outro filatelista era João Emanoel do Rego Costa (já falecido), mencionado em artigo anterior. Herdou a coleção de parentes, praticamente já feita, com estampilhas brasileiras dos anos 40/50.

Se a dupla não tinha parentes indo para o exterior a alternativa: aquisição dos novos selos que chegavam na agência dos Correios e Telégrafos ou pela correspondência com colecionadores.

Os gêmeos ficaram até ‘íntimos” do agente Lindolfo Soares – irmão dos agropecuaristas João e Chico Soares – pela frequência semanal em busca de novidades ou para o recebimento das cartas com estampas ou encomendas do reembolso postal.

Com a aposentadoria de Paulo do Correio (pai do craque Toinho da Caern), o carteiro que herdara a função do sogro, Francisco Trajano da Paz, não tinha trabalho a mais.

Vi muitas vezes o açuense “Seu” Trajano bebericando um aperitivo na pequena mercearia de meu avô José Julião Filho, em frente o descampado onde hoje é a Praça Maria Luíza Guimarães.

A agencia ficava em anexo da casa de dona Maria Galvão, mãe do ex-prefeito José Walter Olímpio, nome de praça no bairro Tancredo Neves (antiga Casa Velha), com a Escola Belmira Gouveia sendo um dos meus pontos de referência da memória.

Uma atração: um bojudo telefone preto, movido a manivela destinada a acionar uma bateria (uma enorme pilha Ray-O-Vac, “a amarelinha”), pendurado na parede do escritório.

O segundo assunto secundário aparece: o Grêmio Presidente Kennedy (fundação, sede, diretorias, atividades sociais, festas e futebol).

O GPK, inclusive, revela pela primeira vez, foi um dos bastiões para João Batista (vice Zé Rodrigues) ser eleito pela primeira vez em disputa com papai na campanha de 1976, assunto a ser detalhado depois.

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