Por José Vanilson Julião
Logo após a consolidação da captação do sinal de
televisão em Cerro Corá o prefeito Zé Julião providencia a instalação de um
televisor público.
Inicialmente no primeiro canteiro central da Avenida
São João, acesso ao Grupo Escolar Querubina Silveira e a Igreja São João
Batista.
Posteriormente, com a reforma e modernização, o
aparelho é transferido para a Praça Tomaz Pereira de Araújo.
A essa altura um dos programas favoritos era esperar
para assistir o desenho animado da “Pantera Cor de Rosa” (The Pink Panther
Show”). No começo da noite. Entre uma novela e o noticiário. Então o negócio
era adiantar ou atrasar o jantar. Um dos espectadores mais assíduos da TV na praça, era Dé Mulato, o lateral direito do GPK.
Esta animação – fora do eixo dos personagens de Hanna-Barbera ou Walt Disney – merece explicação. Foi criada como introdução do filme do mesmo nome com o ator-comediante inglês Peter Seelers lançado em 1963. O sucesso do “animal” provocou a série logo depois.
Foi na televisão disponibilizada para a população que
acompanhei a transmissão em preto e branco da Festa da Uva, em Caxias do Sul,
na serra gaúcha, como a primeira programação para a tv em cores.
E o Torneio Sesquicentenário da Independência (150
anos) – a “Mini Copa”, em 1972. Sendo que a final (Brasil 1 x 0 Portugal, gol
de Jairzinho), presenciei na casa de dona Ritinha.
Também vi amistoso da seleção brasileira contra uma
seleção ou combinado do Rio Grande do Sul, com jogadores do Internacional e do
Grêmio (3 x 3).
A tv não acabou com uma opção anterior. Escutar os
jogos do campeonato carioca pelo rádio. Sintonizando as emissoras do Rio de
Janeiro, principalmente a Nacional, Tupi e a Globo.
Para ouvir locutores famosos: Doalcei Bueno de
Camargo, Celso Garcia, Vitorino Vieira, Waldir Amaral, Antônio Porto, Ayrton
Rebelo, Sérgio Morais e Jorge Cury.
E os comentários de João Saldanha, Luiz Mendes (“o da
palavra fácil”), Afonso Soares e Ruy Porto, o condutor do programa dominical de
final de noite: “Ataque e Defesa” (TV Tupi).
A familiarização com o rádio esportivo veio de papai. Quando
chegava para o almoço, vindo da padaria, sintonizava as ondas curtas da Rádio
Sociedade baiana. Prato principal: resenha de França Teixeira.
À noite, quando havia uma partida decisiva, um ponto
de escuta, com o “Motoradio” preto, era a escadaria da Prefeitura. Para fugir
do frio reinante.
Foi lá que ouvi partidas decisivas do Botafogo pela
Taça Libertadores da América (1973). Contra o Palmeiras e o Cerro Porteño de
Assunção (Paraguai).
O clube da Estrela Solitária fora alçado à competição
internacional como vice-campeão brasileiro do ano anterior.
A decisão do campeonato carioca (Botafogo 0 x 1
Fluminense), em 1971, com um discutido gol no minuto final, me fez adepto, até
hoje, da máxima do presidente do Corinthians, Vicente Matheus: - O jogo só
termina quando acaba.
Moral da história: “Gato escaldado tem medo de água
fria...” O “Glorioso” dias antes somava seis ou sete pontos de diferença para o
Tricolor. E foi perdendo a vantagem para times pequenos e médios. E a gordura
acabou.
No final de tarde, começo da noite de domingo, me
preparara, com uma camisa do alvinegro, para ir ao circo armado onde hoje é a
praça Maria Luzia Guimarães. Valdir com um chaveiro do Fogão.
Desarrumamos tudo e não saímos de casa... Para não
escutar as chateações de Luiz Júnior, o “Garrincha”, e José Ailton da Costa, o
“Dedé de Germínio”, torcedores do “Pó de Arroz.”
Vale salientar que somente a partir de dezembro de
1972, com a inauguração da TV Universitário (canal cinco), para a educação via
satélite. O concorrente não era de peso para a Tupi, mas era mais uma opção.
Já no ano seguinte, transmite uma programação local,
como o programa de auditório apresentado pelo radialista, vereador, deputado
estadual e senador Carlos Alberto de Souza, que somente 13 anos depois põe no
ar a primeira tv privada do RN, a “Ponta Negra”, afiliada do Sistema Brasileiro
de Televisão (SBT).
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