José, Zé, Gil, Gilcemar: saudade de você!!!!
Mas Zé, diante de seu corpo inerte, ontem, me dei conta de que comecei a sentir saudade de você desde o dia 3 de janeiro de 2011, quando estive no Rio de Janeiro te visitando, passando alguns dias com você, depois daquela cirurgia enorme, que te rasgaram "em bandas" à procura desse tumor infeliz que te vitimou. E minha saudade naquele momento não era de você. Afinal, estavas ali, todo estropeado, cheio de dores, sonolento, mas presente. Minha saudade era de sua alegria, do seu sorriso. Saudade de tomar uma cerveja, jogar conversa fora, escutar uma boa música. Saudade de escutar um bom saxofone, um choro de K-Ximbinho ou de Hernesto Nazaré. Saudade de rir dos seus comentários de comportamentos, de atitudes e de casos e acasos do quotidiano. Saudade da vida que começava a apagar-se em você. E logo em você, que tantas vidas pôde prolongar com seus diagnósticos precisos e tão respeitados em seu meio. Sacanagem José! Você foi embora assim, por quê? Puxa-vida, não dava pra ser de velhice? Ainda haveria de ter tanta coisa que poderias ter ensinado, ainda haveriam tantos pacientes que teriam suas doenças cardíacas controladas pelos seus pareceres. Ainda havia muito a fazer, Gil. Mas, na verdade, não precisava mais fazer absolutamente nada, porque o que realmente desejávamos era tê-lo por perto, vê-lo de vez em quando, encontrá-lo para jogar conversa fora, ouvir música, curtir uma cerveja estupidamente gelada e comer frango com quiabo num domingo qualquer. Mas você já estava cansado, né?! Quando te visitei no hospital, na última semana, era notório seu cansaço. Sua respiração ofegante já denunciava que o fim se aproximava, porque por mais que esta imensa atmosfera te entregasse todo o ar do mundo, teus pulmões já não tinham capacidade de processá-lo, e de nada mais adiantava ter o "ar do mundo". E sua agonia aumentava a cada dia. Pensando bem, José, essa não era a vida que merecias. Pra que viver assim, não é? Isso é lá vida?
Mas, como tudo - e principalmente a vida - tem um final, pusestes um ponto final nessa agonia. Mas sem antes de fazer a recomendação ao teu filho - que desesperadamente cortava o trânsito noturno da Roberto Freire tentando alcançar o hospital e os médicos que poderiam te ajudar a respirar - que tivesse calma, que andasse devagar. Será que você já sabia que estava indo abraçar a "Moça Caetana" de Oswaldo Lamartine? Acho que sim, né? Por aqui há unanimidade na afirmativa de que você tinha plena consciência da gravidade de sua enfermidade. Rapaz, eu acho que a recomendação para ir devagar no trânsito, era na realidade uma forma de dizer: ei, eu já estou indo, mas não quero que você se machuque nesse trânsito... Sei não, mas acredito que seu instinto paterno aflorou, falou mais alto, na iminência do momento derradeiro, talvez porque você já sabia que não adiantava nada mais.
Pois é, José, nós que ficamos do lado de cá, ainda estamos meio desnorteados com a sua partida, mas sabíamos que ela estava próxima. Mas tá ruim sem você. Tá esquisito, rapaz, As paisagens estão ainda cinzas, sem cores. A vida está descolorida, apagada, os sorrisos estão tristes, os olhos marejados e os corações saudoso... e isso tudo porque você não está aqui. Vê aí quanta falta faz uma pessoa querida?! Pois é: fostes muito querido por aqui, e o seguirás sendo.
Finalmente, se existe realmente o "lado de lá", quando chegar por aí, dá aquele abraço nos seus, nos nossos. Cuidado para não fazer aquela "zorra" toda, quando encontrar o Sérgio. Dá uma abraço em todo mundo e conta de nós, do quanto somos saudosos de todos eles. E se tiver um chopinho por aí, saboreie-o com vontade. Você merece!
No mais, estaremos aqui, hoje e sempre, com a lembrança de você, e com a certeza de que fostes um grande companheiro, um primo querido, um amigo ímpar.
Adeus, meu amigo. Obrigado pela oportunidade do convívio. Estaremos junto aos seus, sempre, porque os queremos muito. Eles também fazem parte de nossas vidas!
Recebe por aí o abraço que não pude dar, e conserva sempre esse sorriso! Dia desses nos encontraremos novamente!
Saudade de você!
* Transcrição do blog de Manoel Pinheiro Neto, em homenagem ao falecido primo José Gilcemar de Azevedo.
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