Luciano Santos (segundo à esquerda) passa a presidir Femurn |
Informativo sobre o município de Cerro Corá, no Rio Grande do Norte, Brasil, as suas origens e seu povo.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
Luciano Santos assume presidência da Femurn até 2025
Turismo afetivo V - "O cassino de dona Amália'
Dedé Querino e Vanilson Julião conversam sobre reminiscências da adolescência em Cerro Corá, no prédio do antigo "café" (rua Sérvulo Pereira) que pertenceu a dona Jovelina Ribeiro |
Por José Vanilson Julião
Na estadia de duas semanas em Cerro Corá uma das visitas programadas era ao meu amigo José Ailton Querino da Costa, o "Dedé". Mas não foi preciso meu deslocamento até a residência dele. Onde morou o padrinho de crisma de Valdir, o fiscal da coletoria Luiz Gonzaga Guedes, o "Seu Luizinho", marido de dona Marieta. Até encontrei um parente da esposa quando me recuperava de acidente doméstico no Hospital Dioclécio Marques (Parnamirim).
Ele mesmo compareceu ao "armazém" dos meus avós maternos. Trazido pela minha cunhada, Ana. Ela o encontrou numa casa lotérica perto do antigo mercado, onde hoje está instalado o arquivo municipal.
Foi uma hilária conversa de duas horas no final de tarde de meio de semana. Quando fiquei sabendo que o "Querino" dele é com "E" mesmo. E não com "I", como os demais irmãos.
Mas o incrível mesmo, depois de 50 anos, foi "Dedé" se lembrar da primeira pergunta que eu – ou Valdir – fez ao se encontrar com ele pela primeira vez em 1970.
- Qual o time que você torce no Rio de Janeiro?
Relata que não conhecia nenhum clube carioca, apresentados nominalmente, não necessariamente pela ordem, Botafogo, Flamengo, Vasco da Gama, América, Fluminense, Bangu... Nomes conhecidos pelos irmãos pela leitura da conhecida “Revista do Esporte”.
Foi por isso, meio que de bate-pronto, como um chute de primeira, na rebatida da bola, que escolheu torcer pelo tricolor das Laranjeiras, vindo a ser mais um simpatizante do clube, somando-se a Luiz Júnior Bezerra da Costa, o "Garrincha", que herdara a simpatia do pai.
A esta altura, no começo daquele ano, depois de idas e vindas, morando na cidade ou na zona rural, o motorista paraibano e depois vereador Germínio Costa, com a esposa dona Amália, decide residir definitivamente na sede municipal para que os filhos estudassem.
Inclusive um deles, Aécio havia passado uma temporada na casa de papai, quando morávamos na casa de Manoel Belmino, em frente à Praça Maria Luiza Guimarães. Lá por volta de 1965/66.
Com "Dedé" e os demais amigos citados ao longo desta série inédita o negócio não era somente futebol. Durante o São João percorríamos as ruas da cidade.
Para soltar traques, bombinhas, dentro de latas, e assar milho nas fogueiras em frentes as residências dos pais dos colegas. Foi numa dessas que Inácio de "Chico Doutor", hoje morando em Lagoa Nova, perdeu um polegar, em frente ao clube novo.
Era tradição passar na casa de dona Iracema, esposa de Passarinho, aquele mesmo, gerente do posto Shell, no centro da cidade, no vazio hoje existente entre a casa do falecido comerciante Valdemar e o bar de Ivonez.
Ou na casa de Antônio Vieira, perto da residência de um vendedor de fumo de rolo para cachimbo ou cigarro de palha. Na "rua do Motor", apelido proveniente do grande motor estacionário, de cor verde, movido a óleo diesel, que fornecia energia elétrica. Até a inauguração (dezembro/1970), do fornecimento da usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, na divisa Pernambuco/Bahia.
Outra atividade temporária da garotada era jogar buraco, pife-pafe (apostando dez centavos de cruzeiros ou caroços de feijão para ter o gosto de ganhar) e sueca na casa de dona Amália.
Entre os jogadores de baralho "Dedé", "Chaguinha" (irmão dele), Amalinha (irmã), eu, Valdir, e João Emanoel do Rego Costa, um pernambucano que veio morar e estudar na casa do cunhado, o engenheiro Paulo, da Bodominas.
João Emanoel, falecido inesperadamente de causa natural, no Recife, participou da criação do jornal "Correio Estudantil", ao lado dos manos e de Ariomar, o responsável pelos desenhos e a feitura de uma caricatura do prefeito Francisco Pereira, a partir de uma fotografia três por quatro, o chamado "boneco" na gíria da imprensa.
João também era colecionador de selos (filatelista amador). Não era craque, mas chegou a posar na seleção verde-amarela da meninada. Lembro que o engenheiro tinha um Ford Maverick vermelho, o primeiro que vi, automóvel concorrente do Opala, modelo da Chevrolet ou GM (General Motors), ambas montadoras norteamericanas. E se a memória não falha tinha um cachorro chamado "Roberto Carlos".
Na noite, véspera do Natal, antes da Missa do Galo, na Igreja de São João Batista, a pedida era tentar ganhar brindes com os coelhos de Sebastião Canário de Brito. A torcida era para o animal da orelha grande entrar na casinha de madeira com o prêmio mais valioso.
Com "Dedé" temos outras histórias futebolísticas. Até envolvendo "Garrincha". Ficam para a próxima e surpreendente narrativa. Com detalhes rememorados para não serem esquecidos na prateleira do tempo.
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
Prefeito veta projeto que altera brasão de Cerro Corá
Brasão original de Cerro Corá |
Por José Vanilson Julião
A notcia de que no apagar das luzes o ex-presidente da Câmara de vereadores, Rodolfo Guedes (Republicanos), consegue aprovar, por unanimidade (nove votos), mudanças substanciais e imperceptíveis no Brasão do Município de Cerro Corá (Região do Seridó), a 190 quilômetros da capital potiguar, causa discussão em rede social no final da manhã desta terça-feira.
A conversa girava em torno de amenidades quando a internauta Ivonise Dantas perguntou se alguém sabia das modificações no tradicional desenho e todos os participantes foram pegos de surpresa com a informação. Ocasião em que todos foram unanimes, também, em rechaçar o projeto de lei, cuja data não foi possível configurar durante o debate. - Uma pergunta: vocês podem informar, confirmar ou desmentir...?, assim ela se expressou.
O ex-candidato a vereador e empresário Vivaldo Evaristo foi rápido no gatilho confirmando a situação. "Tem, mas não é mudar. A ideia é alterar e incluir... (para o redator dá no mesmo)"
As mudanças incluem máquina de costura representando os quase 300 empregos gerados no município pela atividade e torres de energia eólica representando o desenvolvimento sustentável.
Diante da enxurrada de indagações outra internauta, Cássia Maria, surgiu para por os pontos nos is e dirimir todas as dúvidas concernentes ao caso, inclusive com mais esclarecimentos e provas contundentes sobre a peripécia dos vereadores e da mesa diretora do Poder Legislativo municipal.
Depois que o redator deste blog colocou no grupo a imagem original da Bandeira do Município a conterrânea postou uma imagem com o texto do projeto do vereador, assim como duas imagens, uma colorida e outra em preto em branco.
Com introdução de logo de máquinas de costura abaixo das bandeirolas |
A primeira fotografia com o Brasão original e a segunda com as modificações: as simbologias estilizadas das máquinas e torres (justamente os itens a serem acrescidos).
As máquinas dentro de uma faixa acrescida acima de cordeiro e as torres no espaço inferior, no qual está a representação de uma serra em cor amarela.
O mais incrível: o ex-presidente da Câmara colocou em circulação a "Revista Câmara em Ação" comemorativa da administração já trazia as modificações no Brasão na capa, acima a esquerda.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
Turismo afetivo IV - "A memória cinematográfica"
Por José Vanilson Julião
Na estadia
em Cerro Corá, ao percorrer as ruas centrais – de norte a sul – pedi ao mano
Valdir para fotografar prédios ou lugares da minha infância.
Como a
Maternidade Clotilde Santina, o Estádio Othon Osório, o Ginásio de Esportes
José Julião Neto e o “motor da luz”. Os quais serão alvos de futuro artigo
nesta série.
Mas
agora, vou falar mesmo é sobre o Cine Canário, justamente a edificação que
esqueci de mandar registrar em fotografia. Apesar da fachada continuar a mesma
da segunda metade dos anos 60.
Não é a
primeira vez que o cinema é alvo de escrita de minha autoria. Entre 2011 e 2012
fiz um artigo publicado em extinto jornal mensal alternativo. Um dos assuntos
era a arrecadação da grana para o bilhete da entrada.
“A
Esperança” tinha como público alvo moradores do bairro da Cidade da Esperança (Zona
Oeste de Natal). No site “Jornal da Zona Sul”, também da capital, Valdir também
discorre sobre o cine. Assim como no “Cerro Corá News”.
Quando
são citadas peripécias dos “furtos” de fotogramas das películas. “Repassadas”
em “máquinas” de caixa de sapato. Com lentes improvisadas dos antigos monóculos
de fotos coloridas. Ou lâmpadas GE (General Eletric).
O
propósito dos seis primeiros parágrafos foi introduzir o leitor na história do
cinema administrado pelo treinador de futebol, tocador de sanfona, dono de
armarinho e Papai Noel Sebastião Canário de Brito.
Ele era o
exibidor das fitas de Hollywood e das chanchadas brasileiras. Dos seriados
“Flash Gordon” e “Jim das Selvas”. Dos faroestes e dos épicos, como “Os Dez
Mandamentos”, exibido na Semana Santa.
Ao passar
em frente não teve como não lembrar das músicas transmitidas pelo éter. Nos
intervalos das chamadas da fita a ser exibida no dia. Pela boca de ferro. Com o
próprio exibidor ao microfone.
Na
quarta-feira a noite. Ou na tarde dominical. Ecoava as vozes dos cantores da
“Jovem Guarda”. Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Jerry Adriany e Wanderley
Cardoso. Wanderleia, Martinha e Rosemary.
Dois eram
figurinhas carimbadas e escolhidos a dedo. Ronnie Von, com o sucesso “A Praça”,
e Sílvio Cesar, com o “hit” “Férias na índia”, lançado em 1969, e também
“rodado” no toca-discos do GPK.
Sebastião
primeiro exibia os celuloides no “clube velho” e somente depois passou para o
“clube novo”, onde passou a funcionar, a partir de agosto de 1967, o Grêmio
Presidente Kennedy, o famoso GPK, citado em artigo anterior.
A
tradição familiar repassada para os conterrâneos indica que Sebastião contou
com o apoio dos irmãos residentes em Natal para construir o prédio do “Cine
Canário”.
Severino
e Geremias, este, como Sebastião, nomes de ruas na cidade. O primeiro gerente e
homem de confiança de Cyro Cavalcante, firma de representação de autopeças,
localizada no bairro da Ribeira.
Geremias,
que eu pensava ser com “jota”, foi chefe de oficinas na Base Aérea de
Parnamirim, ainda distrito da capital, convidado por um norte-americano, como
afirmou o sobrinho João Maria Canário (filho de Severino).
Sebastião
era registrado com firma antes da finalização do prédio quase ao lado do Clube
de Mães Santa Zita (antes era a casa do tabelião Antônio Pinheiro, pai de Sérgio
– o mais velho – e Antomar, com quem brincava com os soldados do chocolate
“Toddy”).
É o que
atesta o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), com razão social em nome
de Sebastião Canário de Brito, com data de 12 de setembro de 1966.
A empresa
individual é desativada voluntariamente em 16 de agosto de 1993. Portanto 23
anos antes do falecimento de Sebastião, ocorrido em 27 de julho de 2016.
Portanto
os dados indicam e provam, pela primeira vez na imprensa cerro-coraense, o
atestado de nascimento, informal ou não, do embrionário “Cine Canário”, ainda
sem a sede definitiva.
O cine
não faz lembrar somente o conteúdo das latas de zinco. Os rolos de filme. Na
memória cinematográfica do articulista também consta a “bomboniere”.
Enquanto
a filha ficava na bilheteria, e ‘Mimiu’, de Agenor, na portaria, Dona Maria,
esposa de “Tião”, atendia a garotada antes da exibição e nos intervalos. Os
bombons mais variados.
Na
preferência do consumidor: a pastilha “Garoto”. Ou “Valda”. O pirulito “Zorro”.
O chocolate “Sonho de Valsa”. O chiclete “Adams”.
Perguntei
o que funcionava agora no prédio. Ainda com o nome “Cine Canário”. Valdir disse
que sedia uma repartição pública de atendimento social. Nem lembro o nome...
sábado, 7 de janeiro de 2023
Turismo afetivo III - "A bola era somente detalhe"
Por José Vanilson Julião
Ariomar de Medeiros Félix
Eugenio
Pereira Soares
João
Alfredo Guimarães
João
Batista Cavalcanti (João de Altino)
João
Canário Neto (Gingim)
José
Ailton Querino Costa (Dedé de Germinio)
José
Edinaldo Bezerra da Costa (Louro de Lourival Bezerra)
José
Macedo (Zequinha)
José
Valdir Julião
José
Vanilson Julião
José Zenóbio
de Souza (Popoca)
Luiz Bezerra
da Costa Júnior (Garrincha)
Rui Gomes
Barbosa (Rui de Passarinho)
Paulo
Canário Filho (Paulinho)
Francisco
Valdir Silveira (Sales)
A lista
em ordem alfabética destina-se a não melindrar os participantes. Pela
importância no time. Se foi craque ou perna de pau. Não importa. São alguns dos
“elementos” dos times das ruas “de cima” e “de baixo”.
Uns com
mais assiduidades. Outros nem tanto. Como o hoje pastor evangélico José Ednaldo
Bezerra da Costa, o “Louro” de Lourival e dona Lilia.
Outros lembro
apenas o primeiro nome ou apelido. Não por negligência. Ninguém pedia certidão
de nascimento de para o contrato de boca. Ou escolha no par ou ímpar.
O ligeiro
ponta-direita “Buchaga” de Manoel Pereira, que costumava tocar tambor batendo agilmente
com os dedos indicadores na “caixa do peito”. Era o mais disputado para compor
o 11 de um ou outro elenco. Quem também jogou pelos dois quadros da rua de "cima" e "de baixo" foi Zequinha de Zé Macedo, assim como Quita de Manoel Bazu e Dedé da Viúva (sobrinho de Raimundo Panta).
O
zagueiro ou meia, não lembro exatamente a posição, Ivanez, o chamado “Solda
Preta”. Que me foi apresentado por Ariomar.
O ágil e driblador
Toinho de Paulo do Correio. “Doval”, apelido herdado do craque argentino do
Flamengo e Fluminense, Zequinha, ponta arisco. “Dodó” de Severino “Fura Céu” e ainda os meninos mais novos de Zuza Passos. Cada
um com suas características.
São os
boleiros do campo de terra batida do Estádio Othon Osório, localizado
estrategicamente defronte a Maternidade Clotilde Santina. Vai que alguém se
machuca seriamente. O que nunca aconteceu.
E também
do futebol de salão, modalidade esportiva que somente se começou a praticar a
partir de 1971. Com a construção de uma quadra, com blocos de cimento, ao lado
do campo. Com o apoio do sargento Mitre.
Foi lá
que quebrei o braço. Ou melhor. Fissurei o pulso numa disputa de bola com João
Alfredo. Na queda. Fui para casa e passei a noite gemendo, Papai perguntou o
que estava havendo.
Resultado:
na manhã seguinte atendido em Currais Novos. Menos de 30 dias, em cima de um
caminhão, chuva, gesso amolecido. Durante o carnaval numa ida para Lagoa Nova.
Somente
depois o retângulo, com as balizas feitas de cano PVC, um tipo de plástico,
enxertados com areia, foi reformado e coberto, dando lugar ao atual ginásio de
esportes “José Julião Neto”.
Essa
turma também corria atrás da bola. De couro, número cinco, marrom. Ou de borracha. Não somente nos referidos equipamentos esportivos.
Também
era costume dificultar a passagem dos transeuntes nas calçadas do clube velho,
do clube de mães ou em frente à residência de dona Ritinha, mãe de “Garrincha”
(nem precisa esclarecer a motivação da alcunha).
Ocasião
em que entrava em ação o comissário de menores Joaquim Sales Guimarães, marido
da parteira da cidade, dona Maria Luiza. Quando ele sumia no horizonte a turma
retornava.
Ou num
terreno por trás da prefeitura. O “lixo do boi”, onde a bola caia e alguém
tinha que se habilitar buscá-la sob o risco de se cortar pelos cacos de vidro. Detalhe
bem lembrado por “Garrincha” em recente encontro na cidade.
E no
retângulo da praça Maria Luiza (não era assim denominada oficialmente). Com a
primeira reforma da Praça Tomaz Pereira também se passou a jogar lá. Com uma
bolinha de borracha. Em dois espaços do logradouro público.
No
quadrilátero de cerâmica preta, onde colocaram o busto do patrono em uma
espécie de pedestal retangular de cerâmica cinza. No meio dos círculos de
alvenaria que existiam: um cheio de água, outro com jardim central.
Ou no
quadrado, uma espécie de caixa de areia, que ficava para os lados da “casa
grande”, antiga moradia de Tomaz Pereira.
Mas o
maior de todos acabou sendo Garrincha, que chegou a jogar no Potiguar de
Currais Novos.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
Ferreiro Basto Miguel comemora 95 anos
Basto Miguel "bateu ferro" por anos em Cerro Corá |
Basto Miguel aprendeu o ofício de ferreiro com o pai, José Miguel, que trouxe a família de São Vicente, e trabalhou "batendo ferro" para a construção do açude Eloy de Sousa e morava por trás do sangradouro.
Basto Miguel nasceu em São Vicente em 6 de janeiro de 1928, chegou em Cerro Corá trazido por seus pais, José Soares e Maria Rosa da Conceição no ano de 1932. No ano de 1953, casou com Regina Barbosa dos Santos, filha de Santos Barbosa e Juvina Maria da Conceição.
O casal teve seis filhos: Raimundo Soares de Brito (ex-vereador e ex-prefeito), Ronilda Maria Brito de Souza (in memória) José Ruy Soares de Brito (ex-vereador), João Batista Soares, Francisca de Assis de Brito Silva e Maria Ivaneide dos Santos, 14 netos,13 bisnetos.
Reside há 54 anos na rua Guiomar Henrique, antiga "rua da oficina de Vivaldo", ele era o ferreiro mais conhecido da cidade, atualmente ainda é conhecido assim, sua esposa Regina era costureira e muitos ainda lembram dela assim.
Turismo afetivo II - "O licor verde batizado"
Refúgio de Carlos Canário na Serra de Santana pelas lentes de seu próprio celular
Por José Vanilson Julião
No primeiro dia das duas semanas em Cerro Corá, com a
imensa bagagem despejada no antigo armazém dos meus avós maternos, Valdir logo
se desloca para conversar com os amigos. Sou obrigado a acompanhar.
O técnico em geologia aposentado Túlio Libânio de
Melo, filho do falecido protético e ex-vereador Lourival Libânio de Melo e da costureira
dona Ana, dá a dica.
Aceita imediatamente. Subir a serra de Santana para
conhecer a nova casa “de veraneio” de Carlos Alberto Canário.
Muita bem distribuída em seus cômodos com amplo
terreno para árvores frutíferas (manga e caju se dão muito bem no terreno plano
e arenoso).
Inclusive a residência é ladeada com alpendres espaços
para as redes de dormir (visitantes que mandam). “Carlinhos de Babaia” e de
“Quinca Canário” havia me convidado para conhecer o refúgio.
Túlio é quem assume o volante para deixar o mano a
vontade para bebericar. No que concordo prontamente. Vai que aparece um guarda
na descida da serra.
O quinteto é composto, ainda, por um assessor para
assuntos aleatórios, etílicos e socorristas. Ailson, o “Gordinho”, filho de
“Aloísio Marchante”.
Carlinhos e Túlio colocam uma batata quente nas mãos
do redator: contar a história do Grêmio Presidente Kennedy. O clube social ficava
onde hoje está em reforma a Câmara de Vereadores, cuja sede funcionava, até
meados dos anos 80, em outro salão da Prefeitura.
Acabam contanto histórias hilárias e de reconhecimento
pessoais envolvendo a agremiação recreativa e futebolística, na qual um dos
protagonistas é um dos mentores do surgimento da entidade social e esportiva,
meu pai, José Julião Neto.
O auge do clube se dá entre agosto de 1967 (ano da
fundação) e 1972, pelo menos é o que alcança a memória seletiva.
Por esta época Carlinhos passa a residir
definitivamente na terrinha, após perambular pelo Nordeste afora com a família.
Pelas transferências do pai, o sargento do Exército Joaquim Canário.
A serviço do Batalhão de Engenharia de Combate e
Construção. De João Pessoa, capital paraibana, a Picos, no ensolarado interior
piauiense.
Conta, com orgulho mal disfarçado, que a garotada o
achava péssimo no jogo de "pingue-pongue" (tênis de mesa"), e,
por pura "maldade" e "desforra", amassava, com a botina, as
inocentes bolinhas brancas.
O celuloide com diâmetro de 40 milímetros, peso 2,74
gramas, então exalava um cheiro característico. E viciante. Que dizem ser gás
nitrogênio.
Nas oportunidades que surgia. Com o esférico
saltitante no salão anexo ao dancing. Mal rebatido ao quicar na mesa de madeira
pintada de verde com listas laterais e nos fundos em branco. Com a rede
divisória na mesma cor do retângulo. Confundindo o míope da ocasião (eu).
Para o desespero do primo Rui Barbosa, filho de “Passarinho"
(gerente do posto Shell do ex-prefeito José Walter Olímpio), um dos assíduos
mesatenistas. Façanhas que lhe renderam dupla suspensão do presidente Zé
Julião.
Túlio, por sua vez, lembra com carinho, nas férias
escolares, com a grana curta, Zé Julião lhe franqueava a entrada nas festas
dançantes - inclusive no carnaval.
Mas ele, do alto da dignidade e reconhecimento,
propunha tomar conta do bar do clube um tempo determinado, e Itamar, filho de
"Manoel Sapateiro" ou "Ventola", o outro período. E todos
se divertiam a valer...
Seu Manoel depois se estabeleceu com restaurante na
rua comercial, imediações da casa de jogos de Luiz Bezerra da Costa (pai do
craque Luiz Júnior, o “Garrincha”). Papai até autorizou lá, nas férias
escolares, o café da manhã.
Valdir beberica umas latinhas de cerveja. Peço uma
Coca, mas Carlinhos me oferece um aperitivo sem álcool. Muito suspeito. Aceito
pela consideração ao amigo.
Recipiente comprado na andança com a esposa Teresinha
pelo interior pernambucano. O litro branco, com adesivo amarelo - não lembro
nem as imagens - guarda um liquido esverdeado.
Na primeira lapada, bebericada aos poucos, de um
copinho quase miniatura, digo: - Eu sabia... Tomo cinco doses. Completo com
três copos de cerveja no retorno. Se arrependimento matasse...
No último contato Carlinhos disse que ia jogar fora a mistura - com hortelã e abacaxi - pelo excessivo tempo de maturação do restante do conteúdo (menos da metade).
Deputado Benes Leocádio apoia Luciano Santos para presidente da Femurn
Benes Leocádio (d) conversa com prefeitos Luciano Santos e Pedro Henrique |
Candidato em chapa consensual a presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), o prefeito de Lagoa Nova, Luciano Santos (MDB), passou a contar com apoio do deputado federal Benes Leocádio (União Brasil), que já presidiu a instituição por três vezes (2009/2012, 2013/2015 e 2017/2018).
O prefeito Pedro Henrique (Pedra Grande), que concorre a Tesoureiro na chapa, acompanhou as conversas.
"O municipalismo do Rio Grande do Norte é quem ganha com o consenso na Femurn. Estamos unidos com a responsabilidade de tocar pelos próximos anos, uma parceria com esta instituição", disse o parlamentar, que tem direito a voto na eleição prevista para a manhã do dia 13.
"Todos sabem do nosso histórico de ações através do mandato na Câmara dos Deputados, e sempre digo que colhemos o que plantamos pela história do municipalismo nesse Estado. Luciano Santos é um nome capaz, que une juntamente com todos os gestores que integram a chapa", completou Benes, que inicia seu segundo mandato em Brasília, em fevereiro.
Luciano Santos, apresentou metas e eixos com o intuito de planejar um trabalho para o biênio 2023/2024 na instituição, que reúne hoje todos os 167 municípios do Rio Grande do Norte. A Chapa “Municipalismo Forte, Municípios Desenvolvidos” é composta por representantes de todas as regiões do Estado.
terça-feira, 3 de janeiro de 2023
Turismo afetivo I - "A capital da Serra de Santana"
Lagoa Nova "eleita" capital da Serra de Santana (acervo de Ismael Medeiros) |
José Vanilson Julião
Após 40 anos,
em dezembro, passei 15 dias na terra natal. Aproveitei para rever os lugares
por onde passei na infância e pré-adolescência. Visitei familiares. E amigos.
Também colhi
informações "perdidas" de parentes. E rememorei histórias antigas. E
ainda presenciei situação curiosa.
Numa dessas
subidas a Serra de Santana, o acidente geográfico que reina imponente na Região
do Seridó.
No retorno de
uma visita a parentes da esposa do meu irmão, Ana - ambos responsáveis diretos
pela minha saída de casa, mesmo a contragosto.
Numa parada
para almoço. Em um restaurante. Não sei se fica entre a divisa de Lagoa Nova e
Cerro Corá. Mais pra lá do que pra cá? Ou mais pra cá do que pra lá?
Mesa posta,
brinco com uma menininha curiosa. Que perambula de mesa em mesa. Certamente
filha de alguém do estabelecimento.
Porém as
peraltices da criança têm minha atenção desviada para uma frase na camisa de
meia branca. Da garçonete.
Em letras
pretas, bem visíveis, está na vestimenta: "Lagoa Nova, a capital da Serra
de Santana".
Achei uma
petulância, digo, brincando, para o mano. Não é que se acham melhores do que
Cerro Corá?
Valdir sai em
defesa dos vizinhos. O município cresceu muito mais deste os anos 70. Passa dos
15 mil habitantes (zona urbana e rural).
Cerro Corá
passou dos 2.500 por volta de 1971/72 para 11 mil. Conforme recente censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Ambos
perderam moradores. O primeiro pouco mais de duas centenas. O segundo em torno
de centena e meia.
Até um cerrocoraense
residente em Manaus, Arijório de Medeiros Félix, em grupo de "zap",
brinca: - Será que foram para Bodó (esta ganhou pouco mais de 200 habitantes)
ou Cafuca, povoado no município de Santana do Matos.
As cidades
realmente mudaram. Agora há até edificações com dois e três pavimentos. A
maioria das ruas calçadas. O comércio, proporcionalmente, fervilha.
Antigamente
os estudantes de Lagoa Nova vinham estudar no ginásio comercial "Pedro
II", mantido pela Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC).
Talvez por
isso a “inveja” do visitante pelo dístico da blusa da senhorinha. Descubro
depois. Mãe da menininha.
Enquanto Cerro
-Corá apela para a autodenominação "Suíça do Seridó". Enfim, são ligadas
por estrada asfaltada. Não mais com piso de areia ou terra batida.
Lagoa Nova
com um pelotão da Polícia Militar. E Cerro Corá com uma delegacia de Polícia Civil
(judiciária) com jurisdição na "rival" e em Bodó, emancipado de
Santana dos Matos.
Em economia
Lagoa está à frente. No produto interno bruto (PIB). Dados de 2012. No
posicionamento estadual 50 (86,503 mil) x 66 (64,820).
quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
Vanilson Julião relembra leitura da Revista dos Esportes com Arian Félix
Arian Félix em conversa com filho de saudoso amigo Zé Julião |
Bate-papo animado semana passada em Cerro Corá. Jornalista Vanilson Julião há pelo menos quatro décadas não passava mais que dois dias em Cerro Corá. Esposa de seu Arian Félix, dona Ana de Medeiros Félix segurando as muletas de Vanilson, acessórios usados por ele depois que sofreu um acidente doméstico em casa, em 2015.
Com um exemplar de um almanaque da Revista dos Sports, 1962, Vanilson lembrando que Arian Félix e José Julião (falecido em 1989) compravam as revistas, a meninada lia todas e rasgava os pôsteres de jogadores para coleção. No detalhe, Garrincha.
Geoparque Seridó recebe projeto de sinalização
Fátima Bezerra visita Cruzeiro de Currais Novos e anuncia projeto de sinalização do Geoparque Seridó |
Com apoio do Governo do Rio Grande do Norte o Geoparque Seridó Mundial da Unesco passará a ter projeto básico de sinalização do Seridó Geoparque Mundial na área localizada nos municípios de Currais Novos, Carnaúba dos Dantas, Parelhas, Acari, Cerro Corá e Lagoa Nova.
A proposta de sinalização utiliza elementos representativos da flora e fauna, da geografia e da cultura local para trazer identidade e identificação, permitindo integração à paisagem e circulação segura. As peças devem ser confeccionadas em ladrilho, cerâmica, pedras e concreto, materiais duráveis e resistentes às intempéries e facilmente encontrados na região.
A sinalização tem caráter informativo e educativo informando sobre o geoparque, inclusive com conteúdo em braile, orientando o percurso de deslocamento no local em trilhas, túneis, formações geológicas.
"A concepção do projeto de sinalização é muito boa. Estamos avançando para consolidar o Seridó Geoparque da Unesco, no RN, que é um dos três no Brasil. Isto vai fortalecer a interiorização do turismo histórico, cultural e de aventura", afirmou a governadora Fátima Bezerra.
A governadora do Estado esteve em Currais Novos nesta quinta-feira (22) e acrescentou que a sinalização vai trazer segurança e conhecimento aos visitantes: "Vamos preparar os termos de referência para lançarmos o edital de licitação e executar os serviços no segundo semestre de 2023 para executar a sinalização que tem valor de R$ 1.193 milhão. Também vamos investir R$ 200 mil em divulgação e promoção, além dos R$ 190 mil já investidos no projeto básico".
Outro investimento importante do Governo do RN é a recuperação e reconstrução de estradas. "Estrada é importante infraestrutura para o desenvolvimento econômico e turístico. Temos 30 projetos executivos elaborados para recuperação de estradas em todo o RN, algumas em execução como a 223 que faz a ligação ao Oeste e à Paraíba", destacou para ainda registrar: "e vamos pavimentar a estada da produção trecho São Tomé a Cerro Corá, que é também porta de entrada para o Seridó".
O prefeito de Currais Novos, Odon Junior, disse que "conseguir a chancela da Unesco não foi fácil. Foi muito trabalho para termos o pioneiro Geoparque na caatinga, bioma exclusivamente brasileiro. Quero agradecer ao atual Governo do Estado que apoiou este trabalho. Hoje já temos pessoas vindo conhecer o Geoparque, isso atrai novos negócios como restaurantes, pousadas e hotéis, fortalecendo a economia".
O prefeito de Acari, Fernando Antônio Bezerra, enfatizou que um dos eixos estruturantes da nossa economia é o turismo. E estas ações do Governo do Estado são importantes e necessárias. Vejo o Seridó Geoparque da Unesco como uma janela de esperança para gerar trabalho e renda para nossa população"
A governadora foi acompanhada na reunião pela secretária de Estado do Turismo, Ana Costa, secretário de Infraestrutura, Gustavo Coelho, diretor-geral do Idema Leon Aguiar, diretor da Fundação José Augusto, Fábio Henrique. Também participaram Camila Duarte, arquiteta da Setur, o professor Marcos Nascimento, coordenador científico do Seridó Geoparque da Unesco, os prefeitos de Carnaúba dos Dantas, Gilson Dantas de Oliveira, de Parelhas, Tiago de Medeiros Almeida, representantes dos prefeitos de Cerro Corá e de Lagoa Nova e secretários municipais.
Ainda em Currais Novos, a governadora participou da entrega de certificados de qualificação para o turismo a alunos que concluíram os cursos. O investimento em qualificação de pessoal para trabalhar na área do turismo, segundo informou a titular da Setur, Ana Costa, é de R$ 1,5 milhão através do projeto Governo Cidadão que opera recursos de empréstimo ao Banco Mundial.
Fonte - Assecom/GE