domingo, 15 de janeiro de 2023

Turismo afetivo VI - "Garrincha, a bola da vez"

Por José Vanilson Julião 

Na minha agenda do turismo doméstico, afetivo e rememorativo não estava previsto o encontro com Luiz Bezerra da Costa Júnior, o “Garrincha”, o maior craque da turma da meninada no final dos anos 60 começo de 70.

Até porque ele reside atualmente na cidade de Brejinho. Desde meados dos anos 80. Quando passou a trabalhar profissionalmente pela Empresa Industrial Técnica, conhecida pelo acrônimo EIT, e que pertencia ao ex-presidente do ABC, o engenheiro civil José Nilson de Sá.

A conversa inesperada com ele aconteceu na segunda confraternização de veteranos organizada pelo comunicador “Maninho” (Rádio Liberdade FM), numa mansão particular cedida, na comunidade de Ipueiras, que, na minha modesta opinião, já deveria ser transformada oficialmente em bairro pelo crescimento alcançado.

E novamente quem entra em ação é minha cunhada. Acontece que fiquei em casa para descansar das estrepolias da semana na Serra de Santana. E no começo da tarde, com Garrincha lá, Ana combinou com o mano para me apanhar. Acabei sentado estrategicamente ao lado do famoso futebolista cerro-coraense.

Luiz Júnior, assim o chama imperativamente a mãe, a professora aposentada, dona Ritinha, que era nossa anfitriã, com pão e café quente antes das peladas diárias no Estádio Othon Osório, localizado na entrada da cidade, que não é mais o cartão de visitas pelo crescimento da urbe para os lados do bairro Seridó.

A conversa inicial não poderia ter outro tema. O futebol. “Garrincha” desabafa que saiu cedo de Brejinho, nas primeiras horas da manhã, para ter o tempo necessário e comparecer a uma pelada com os amigos. “Só encontrei cinco. Ainda deu tempo para visitar a mamãe...” – Mesmo assim, ao retornar, só deu pra montar um time de futebol soçaite, diz, pesaroso, o craque.

Para incentivar iniciativa deste tipo, com mais vigor presencial, digo que para o próximo ano faça a programação que estarei lá para fazer a cobertura esportiva para os blogs “Cerro Corá News” e “Jornal da Grande Natal”. Já que adiantei na ocasião a encomenda de uma camisa para o terceiro encontro dos veteranos. O que “Garrincha” também fez no rastro do meu pedido (vi satisfação no rosto de Maninho).

Nas lembranças futebolísticas ele lembra o que eu havia esquecido. Garrincha não compareceu ao famoso jogo do Botafoguinho (ou foi com a camisa verde-amarela) no distrito de Recanto (1 a 2 para os visitantes).

Estava com um começo de pneumonia. E ficou choramingando pelos quatro cantos das paredes da sala, na Rua Monsenhor Paulo Herôncio (de Melo), antigo vigário de Currais Novos nos anos 40.

Como repórter, ainda mais colega de infância e visitante atrevido, lembro a ele o cacoete que abraçou inesperadamente. Sem cerimônia e com timidez confirma. Andava na calçada falando sozinho uma linguagem desconhecida e monossilábica: - "Memé, memé..." (até hoje ninguém sabe a origem da curta frase onomatopaica)

É aqui que entra mais uma vez nesta séria José Ailton Querino Costa, o “Dedé de Germínio”, que relembra pelo menos outros dois hilários "tiques" do nosso craque.

Num abanava o rosto do colega com a palma da mão e em seguida encostava entre o queixo e o pescoço do oponente (será que era para verificar se estava febril?)

No outro caso caminhava pela calçada, parava de supetão, apertava o calcanhar com os dedos indicador e polegar e levava ao nariz.

Já “Zé Mago”, que trabalha no mercadinho de Bezerra, gostava de chupar o polegar com o indicador encostado no nariz. Outro garoto gostava abrir o tanque dos carros para cheirar gasolina.

Mas todos eles foram deixados de lado, como por encanto, durante o período em que estudou no ginásio agrícola de Currais Novos. Se os amigos de Cerro Corá nada diziam e ignoravam, os novos coleguinhas, com espanto compreensível, reclamavam categoricamente.

No encontro dos veteranos também revi após longo tempo o empresário Francisco Menezes, o “Chico de Rita”, residente na cidade de Jucurutu, também seridoense. Portanto irmão de Luiz Júnior. Outro tricolor e corintiano raro naqueles tempos de botafoguenses, flamenguistas e vascaínos.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

"Novinho" prestigia posse de Luciano Santos na presidência da Femurn

O prefeito de Cerro Corá, Raimundo Marcelino Borges (PSDB), prestigiou a eleição do seu colega de Lagoa Nova, Luciano Santos (MDB), para presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn). 

Prefeitos Luciano Santos e "Novinho" 

Para "Novinho" a eleição de Santos também fortalece politicamente os municípios no entorno da Serra de Santana. "Eu acredito que dentro do projeto da transposição do rio São Francisco e da  barragem de Oitcica, ficará mais fácil lutar pela ampliação da Adutora da Serra de Santana", disse ele. 

Borges entende que diante da aproximação de Luciano Santos com o governo estadual, "a nossa terra só tem a ganhar com a eleição do nosso presidente".

Luciano Santos assume presidência da Femurn até 2025

Luciano Santos (segundo à esquerda) passa a presidir Femurn


Prefeitos de diversas regiões do Estado elegeram o prefeito de Lagoa Nova, advogado Luciano Santos (MDB), como novo presidente  da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn). A posse foi imediata e o ex-presidente Babá Pereira (São Tome) deixa  a função depois de dois anos.

De forma consensual, a votação cumpriu o edital da Assembleia Geral Extraordinária, no Auditório da FEMURN, no bairro Tirol. Os gestares começaram a chegar às 8h30, e depois das 10h40 já tinham deliberado sobre a Eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal para o biênio 2023-2024).

“Tenho a missão de cada vez mais unir os municípios. Apresentamos um planejamento para os dois próximos anos e vamos fortalecer todos os 167 municípios do Rio Grande do Norte”, disse Luciano Santos. 

A Chapa “Municipalismo Forte, Municípios Desenvolvidos” é composta por representantes de todas as regiões do Estado. A composição ficou assim: 

*Diretoria biênio 2023/2024*

Presidente: Luciano Silva Santos (Lagoa Nova)
1º vice-presidente: Marianna Almeida Nascimento (Pau dos Ferros)
2º vice-presidente: Edivaldo Emídio da Silva Júnior (Macaíba)
3º vice-presidente: Marina Dias Marinho (Jandaíra)
4º vice-presidente: Reno Marinho de Macêdo Souza (São Rafael)
5º vice-presidente: João Batista Gomes Gonçalves (Brejinho)
1º secretário: Alan Jefferson da Silveira Pinto (Apodi)
2º secretário: Francisca Shirley Ferreira Targino (Messias Targino)
1º tesoureiro: Pedro Henrique de Souza Silva (Pedra Grande)
2º tesoureiro: Fernando Luiz Teixeira de Carvalho (Espírito Santo)

Turismo afetivo V - "O cassino de dona Amália'

 

Dedé Querino e Vanilson Julião conversam sobre reminiscências da adolescência em Cerro Corá, no prédio do antigo "café" (rua Sérvulo Pereira) que pertenceu a dona Jovelina Ribeiro

Por José Vanilson Julião

Na estadia de duas semanas em Cerro Corá uma das visitas programadas era ao meu amigo José Ailton Querino da Costa, o "Dedé". Mas não foi preciso meu deslocamento até a residência dele. Onde morou o padrinho de crisma de Valdir, o fiscal da coletoria Luiz Gonzaga Guedes, o "Seu Luizinho", marido de dona Marieta. Até encontrei um parente da esposa quando me recuperava de acidente doméstico no Hospital Dioclécio Marques (Parnamirim).

Ele mesmo compareceu ao "armazém" dos meus avós maternos. Trazido pela minha cunhada, Ana. Ela o encontrou numa casa lotérica perto do antigo mercado, onde hoje está instalado o arquivo municipal.

Foi uma hilária conversa de duas horas no final de tarde de meio de semana. Quando fiquei sabendo que o "Querino" dele é com "E" mesmo. E não com "I", como os demais irmãos.

Mas o incrível mesmo, depois de 50 anos, foi "Dedé" se lembrar da primeira pergunta que eu – ou Valdir – fez ao se encontrar com ele pela primeira vez em 1970. 

- Qual o time que você torce no Rio de Janeiro?

Relata que não conhecia nenhum clube carioca, apresentados nominalmente, não necessariamente pela ordem, Botafogo, Flamengo, Vasco da Gama, América, Fluminense, Bangu... Nomes conhecidos pelos irmãos pela leitura da conhecida “Revista do Esporte”.

Foi por isso, meio que de bate-pronto, como um chute de primeira, na rebatida da bola, que escolheu torcer pelo tricolor das Laranjeiras, vindo a ser mais um simpatizante do clube, somando-se a Luiz Júnior Bezerra da Costa, o "Garrincha", que herdara a simpatia do pai.

A esta altura, no começo daquele ano, depois de idas e vindas, morando na cidade ou na zona rural, o motorista paraibano e depois vereador Germínio Costa, com a esposa dona Amália, decide residir definitivamente na sede municipal para que os filhos estudassem. 

Inclusive um deles, Aécio havia passado uma temporada na casa de papai, quando morávamos na casa de Manoel Belmino, em frente à Praça Maria Luiza Guimarães. Lá por volta de 1965/66.

Com "Dedé" e os demais amigos citados ao longo desta série inédita o negócio não era somente futebol. Durante o São João percorríamos as ruas da cidade.

Para soltar traques, bombinhas, dentro de latas, e assar milho nas fogueiras em frentes as residências dos pais dos colegas. Foi numa dessas que Inácio de "Chico Doutor", hoje morando em Lagoa Nova, perdeu um polegar, em frente ao clube novo.

Era tradição passar na casa de dona Iracema, esposa de Passarinho, aquele mesmo,  gerente do posto Shell, no centro da cidade, no vazio hoje existente entre a casa do falecido comerciante Valdemar e o bar de Ivonez.

Ou na casa de Antônio Vieira, perto da residência de um vendedor de fumo de rolo para cachimbo ou cigarro de palha. Na "rua do Motor", apelido proveniente do grande motor estacionário, de cor verde, movido a óleo diesel, que fornecia energia elétrica. Até a inauguração (dezembro/1970), do fornecimento da usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, na divisa Pernambuco/Bahia.

Outra atividade temporária da garotada era jogar buraco, pife-pafe (apostando dez centavos de cruzeiros ou caroços de feijão para ter o gosto de ganhar) e sueca na casa de dona Amália.

Entre os jogadores de baralho "Dedé", "Chaguinha" (irmão dele), Amalinha (irmã), eu, Valdir, e João Emanoel do Rego Costa, um pernambucano que veio morar e estudar na casa do cunhado, o engenheiro Paulo, da Bodominas.

João Emanoel, falecido inesperadamente de causa natural, no Recife, participou da criação do jornal "Correio Estudantil", ao lado dos manos e de Ariomar, o responsável pelos desenhos e a feitura de uma caricatura do prefeito Francisco Pereira, a partir de uma fotografia três por quatro, o chamado "boneco" na gíria da imprensa.

João também era colecionador de selos (filatelista amador). Não era craque, mas chegou a posar na seleção verde-amarela da meninada. Lembro que o engenheiro tinha um Ford Maverick vermelho, o primeiro que vi, automóvel concorrente do Opala, modelo da Chevrolet ou GM (General Motors), ambas montadoras norteamericanas. E se a memória não falha tinha um cachorro chamado "Roberto Carlos".

Na noite, véspera do Natal, antes da Missa do Galo, na Igreja de São João Batista, a pedida era tentar ganhar brindes com os coelhos de Sebastião Canário de Brito. A torcida era para o animal da orelha grande entrar na casinha de madeira com o prêmio mais valioso.

Com "Dedé" temos outras histórias futebolísticas. Até envolvendo "Garrincha". Ficam para a próxima e surpreendente narrativa. Com detalhes rememorados para não serem esquecidos na prateleira do tempo.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Prefeito veta projeto que altera brasão de Cerro Corá

Brasão original de Cerro Corá


Por José Vanilson Julião 

A notcia de que no apagar das luzes o ex-presidente da Câmara de vereadores, Rodolfo Guedes (Republicanos), consegue aprovar, por unanimidade (nove votos), mudanças substanciais e imperceptíveis no Brasão do Município de Cerro Corá (Região do Seridó), a 190 quilômetros da capital potiguar, causa discussão em rede social no final da manhã desta terça-feira.

A conversa girava em torno de amenidades quando a internauta Ivonise Dantas perguntou se alguém sabia das modificações no tradicional desenho e todos os participantes foram pegos de surpresa com a informação. Ocasião em que todos foram unanimes, também, em rechaçar o projeto de lei, cuja data não foi possível configurar durante o debate. - Uma pergunta: vocês podem informar, confirmar ou desmentir...?, assim ela se expressou.

O ex-candidato a vereador e empresário Vivaldo Evaristo foi rápido no gatilho confirmando a situação. "Tem, mas não é mudar. A ideia é alterar e incluir... (para o redator dá no mesmo)"

As mudanças incluem máquina de costura representando os quase 300 empregos gerados no município pela atividade e torres de energia eólica representando o desenvolvimento sustentável.

Diante da enxurrada de indagações outra internauta, Cássia Maria, surgiu para por os pontos nos is e dirimir todas as dúvidas concernentes ao caso, inclusive com mais esclarecimentos e provas contundentes sobre a peripécia dos vereadores e da mesa diretora do Poder Legislativo municipal.

Depois que o redator deste blog colocou no grupo a imagem original da Bandeira do Município a conterrânea postou uma imagem com o texto do projeto do vereador, assim como duas imagens, uma colorida e outra em preto em branco.

Com introdução de logo de máquinas de costura
 abaixo das bandeirolas 

A primeira fotografia com o Brasão original e a segunda com as modificações: as simbologias estilizadas das máquinas e torres (justamente os itens a serem acrescidos).

As máquinas dentro de uma faixa acrescida acima de cordeiro e as torres no espaço inferior, no qual está a representação de uma serra em cor amarela.

O mais incrível: o ex-presidente da Câmara colocou em circulação a "Revista Câmara em Ação" comemorativa da administração já trazia as modificações no Brasão na capa, acima a esquerda.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Turismo afetivo IV - "A memória cinematográfica"

Por José Vanilson Julião

Na estadia em Cerro Corá, ao percorrer as ruas centrais – de norte a sul – pedi ao mano Valdir para fotografar prédios ou lugares da minha infância.

Como a Maternidade Clotilde Santina, o Estádio Othon Osório, o Ginásio de Esportes José Julião Neto e o “motor da luz”. Os quais serão alvos de futuro artigo nesta série.

Mas agora, vou falar mesmo é sobre o Cine Canário, justamente a edificação que esqueci de mandar registrar em fotografia. Apesar da fachada continuar a mesma da segunda metade dos anos 60.

Não é a primeira vez que o cinema é alvo de escrita de minha autoria. Entre 2011 e 2012 fiz um artigo publicado em extinto jornal mensal alternativo. Um dos assuntos era a arrecadação da grana para o bilhete da entrada.

“A Esperança” tinha como público alvo moradores do bairro da Cidade da Esperança (Zona Oeste de Natal). No site “Jornal da Zona Sul”, também da capital, Valdir também discorre sobre o cine. Assim como no “Cerro Corá News”.

Quando são citadas peripécias dos “furtos” de fotogramas das películas. “Repassadas” em “máquinas” de caixa de sapato. Com lentes improvisadas dos antigos monóculos de fotos coloridas. Ou lâmpadas GE (General Eletric).

O propósito dos seis primeiros parágrafos foi introduzir o leitor na história do cinema administrado pelo treinador de futebol, tocador de sanfona, dono de armarinho e Papai Noel Sebastião Canário de Brito.

Ele era o exibidor das fitas de Hollywood e das chanchadas brasileiras. Dos seriados “Flash Gordon” e “Jim das Selvas”. Dos faroestes e dos épicos, como “Os Dez Mandamentos”, exibido na Semana Santa.

Ao passar em frente não teve como não lembrar das músicas transmitidas pelo éter. Nos intervalos das chamadas da fita a ser exibida no dia. Pela boca de ferro. Com o próprio exibidor ao microfone.

Na quarta-feira a noite. Ou na tarde dominical. Ecoava as vozes dos cantores da “Jovem Guarda”. Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Jerry Adriany e Wanderley Cardoso. Wanderleia, Martinha e Rosemary.

Dois eram figurinhas carimbadas e escolhidos a dedo. Ronnie Von, com o sucesso “A Praça”, e Sílvio Cesar, com o “hit” “Férias na índia”, lançado em 1969, e também “rodado” no toca-discos do GPK.

Sebastião primeiro exibia os celuloides no “clube velho” e somente depois passou para o “clube novo”, onde passou a funcionar, a partir de agosto de 1967, o Grêmio Presidente Kennedy, o famoso GPK, citado em artigo anterior.

A tradição familiar repassada para os conterrâneos indica que Sebastião contou com o apoio dos irmãos residentes em Natal para construir o prédio do “Cine Canário”.

Severino e Geremias, este, como Sebastião, nomes de ruas na cidade. O primeiro gerente e homem de confiança de Cyro Cavalcante, firma de representação de autopeças, localizada no bairro da Ribeira.

Geremias, que eu pensava ser com “jota”, foi chefe de oficinas na Base Aérea de Parnamirim, ainda distrito da capital, convidado por um norte-americano, como afirmou o sobrinho João Maria Canário (filho de Severino).

Sebastião era registrado com firma antes da finalização do prédio quase ao lado do Clube de Mães Santa Zita (antes era a casa do tabelião Antônio Pinheiro, pai de Sérgio – o mais velho – e Antomar, com quem brincava com os soldados do chocolate “Toddy”).

É o que atesta o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), com razão social em nome de Sebastião Canário de Brito, com data de 12 de setembro de 1966.

A empresa individual é desativada voluntariamente em 16 de agosto de 1993. Portanto 23 anos antes do falecimento de Sebastião, ocorrido em 27 de julho de 2016.

Portanto os dados indicam e provam, pela primeira vez na imprensa cerro-coraense, o atestado de nascimento, informal ou não, do embrionário “Cine Canário”, ainda sem a sede definitiva.

O cine não faz lembrar somente o conteúdo das latas de zinco. Os rolos de filme. Na memória cinematográfica do articulista também consta a “bomboniere”.

Enquanto a filha ficava na bilheteria, e ‘Mimiu’, de Agenor, na portaria, Dona Maria, esposa de “Tião”, atendia a garotada antes da exibição e nos intervalos. Os bombons mais variados.

Na preferência do consumidor: a pastilha “Garoto”. Ou “Valda”. O pirulito “Zorro”. O chocolate “Sonho de Valsa”. O chiclete “Adams”.

Perguntei o que funcionava agora no prédio. Ainda com o nome “Cine Canário”. Valdir disse que sedia uma repartição pública de atendimento social. Nem lembro o nome...

 

 


sábado, 7 de janeiro de 2023

Turismo afetivo III - "A bola era somente detalhe"

Por José Vanilson Julião

Ariomar de Medeiros Félix

Eugenio Pereira Soares

João Alfredo Guimarães

João Batista Cavalcanti (João de Altino)

João Canário Neto (Gingim)

José Ailton Querino Costa (Dedé de Germinio)

José Edinaldo Bezerra da Costa (Louro de Lourival Bezerra)

José Macedo (Zequinha)

José Valdir Julião

José Vanilson Julião

José Zenóbio de Souza (Popoca)

Luiz Bezerra da Costa Júnior (Garrincha)

Rui Gomes Barbosa (Rui de Passarinho)

Paulo Canário Filho (Paulinho)

Francisco Valdir Silveira (Sales)

A lista em ordem alfabética destina-se a não melindrar os participantes. Pela importância no time. Se foi craque ou perna de pau. Não importa. São alguns dos “elementos” dos times das ruas “de cima” e “de baixo”.

Uns com mais assiduidades. Outros nem tanto. Como o hoje pastor evangélico José Ednaldo Bezerra da Costa, o “Louro” de Lourival e dona Lilia.

Outros lembro apenas o primeiro nome ou apelido. Não por negligência. Ninguém pedia certidão de nascimento de para o contrato de boca. Ou escolha no par ou ímpar.

O ligeiro ponta-direita “Buchaga” de Manoel Pereira, que costumava tocar tambor batendo agilmente com os dedos indicadores na “caixa do peito”. Era o mais disputado para compor o 11 de um ou outro elenco. Quem também jogou pelos dois quadros da rua de "cima" e "de baixo" foi Zequinha de Zé Macedo, assim como Quita de Manoel Bazu e Dedé da Viúva (sobrinho de Raimundo Panta). 

O zagueiro ou meia, não lembro exatamente a posição, Ivanez, o chamado “Solda Preta”. Que me foi apresentado por Ariomar.

O ágil e driblador Toinho de Paulo do Correio. “Doval”, apelido herdado do craque argentino do Flamengo e Fluminense, Zequinha, ponta arisco. “Dodó” de Severino “Fura Céu” e ainda os meninos mais novos de Zuza Passos. Cada um com suas características.

São os boleiros do campo de terra batida do Estádio Othon Osório, localizado estrategicamente defronte a Maternidade Clotilde Santina. Vai que alguém se machuca seriamente. O que nunca aconteceu.

E também do futebol de salão, modalidade esportiva que somente se começou a praticar a partir de 1971. Com a construção de uma quadra, com blocos de cimento, ao lado do campo. Com o apoio do sargento Mitre.

Foi lá que quebrei o braço. Ou melhor. Fissurei o pulso numa disputa de bola com João Alfredo. Na queda. Fui para casa e passei a noite gemendo, Papai perguntou o que estava havendo.

Resultado: na manhã seguinte atendido em Currais Novos. Menos de 30 dias, em cima de um caminhão, chuva, gesso amolecido. Durante o carnaval numa ida para Lagoa Nova.

Somente depois o retângulo, com as balizas feitas de cano PVC, um tipo de plástico, enxertados com areia, foi reformado e coberto, dando lugar ao atual ginásio de esportes “José Julião Neto”.

Essa turma também corria atrás da bola. De couro, número cinco, marrom. Ou de borracha. Não somente nos referidos equipamentos esportivos.

Também era costume dificultar a passagem dos transeuntes nas calçadas do clube velho, do clube de mães ou em frente à residência de dona Ritinha, mãe de “Garrincha” (nem precisa esclarecer a motivação da alcunha).

Ocasião em que entrava em ação o comissário de menores Joaquim Sales Guimarães, marido da parteira da cidade, dona Maria Luiza. Quando ele sumia no horizonte a turma retornava.

Ou num terreno por trás da prefeitura. O “lixo do boi”, onde a bola caia e alguém tinha que se habilitar buscá-la sob o risco de se cortar pelos cacos de vidro. Detalhe bem lembrado por “Garrincha” em recente encontro na cidade.

E no retângulo da praça Maria Luiza (não era assim denominada oficialmente). Com a primeira reforma da Praça Tomaz Pereira também se passou a jogar lá. Com uma bolinha de borracha. Em dois espaços do logradouro público.

No quadrilátero de cerâmica preta, onde colocaram o busto do patrono em uma espécie de pedestal retangular de cerâmica cinza. No meio dos círculos de alvenaria que existiam: um cheio de água, outro com jardim central.

Ou no quadrado, uma espécie de caixa de areia, que ficava para os lados da “casa grande”, antiga moradia de Tomaz Pereira.

Mas o maior de todos acabou sendo Garrincha, que chegou a jogar no Potiguar de Currais Novos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Ferreiro Basto Miguel comemora 95 anos


Basto Miguel "bateu ferro" por anos em Cerro Corá 
Ferreiro, soldador e agricultor, tendo trabalhado muitos anos na antiga Bodominas, Sebastião Soares de Brito, mais conhecido como "Basto Miguel", completa hoje 95 anos. 

Basto Miguel aprendeu o ofício de ferreiro com o pai, José Miguel, que trouxe a família de São Vicente, e trabalhou "batendo ferro" para a construção do açude Eloy de Sousa e morava por trás do sangradouro.

Basto Miguel nasceu em São Vicente em  6 de janeiro de 1928, chegou em Cerro Corá trazido por seus pais, José Soares e Maria Rosa da Conceição no ano de 1932. No ano de 1953, casou com Regina Barbosa dos Santos, filha de Santos Barbosa e Juvina Maria da Conceição.

O casal teve  seis filhos: Raimundo Soares de Brito (ex-vereador e ex-prefeito), Ronilda Maria Brito de Souza (in memória) José Ruy Soares de Brito (ex-vereador), João Batista Soares, Francisca de Assis de Brito Silva e Maria Ivaneide dos Santos, 14 netos,13 bisnetos. 

Reside há  54 anos na rua Guiomar Henrique, antiga "rua da oficina de Vivaldo", ele era o ferreiro mais conhecido da cidade, atualmente ainda é conhecido assim, sua esposa Regina era costureira e muitos ainda lembram dela assim. 

Turismo afetivo II - "O licor verde batizado"

Refúgio de Carlos Canário na Serra de Santana pelas lentes de seu próprio celular


Por José Vanilson Julião

No primeiro dia das duas semanas em Cerro Corá, com a imensa bagagem despejada no antigo armazém dos meus avós maternos, Valdir logo se desloca para conversar com os amigos. Sou obrigado a acompanhar.

O técnico em geologia aposentado Túlio Libânio de Melo, filho do falecido protético e ex-vereador Lourival Libânio de Melo e da costureira dona Ana, dá a dica.

Aceita imediatamente. Subir a serra de Santana para conhecer a nova casa “de veraneio” de Carlos Alberto Canário.

Muita bem distribuída em seus cômodos com amplo terreno para árvores frutíferas (manga e caju se dão muito bem no terreno plano e arenoso).

Inclusive a residência é ladeada com alpendres espaços para as redes de dormir (visitantes que mandam). “Carlinhos de Babaia” e de “Quinca Canário” havia me convidado para conhecer o refúgio.

Túlio é quem assume o volante para deixar o mano a vontade para bebericar. No que concordo prontamente. Vai que aparece um guarda na descida da serra.

O quinteto é composto, ainda, por um assessor para assuntos aleatórios, etílicos e socorristas. Ailson, o “Gordinho”, filho de “Aloísio Marchante”.

Carlinhos e Túlio colocam uma batata quente nas mãos do redator: contar a história do Grêmio Presidente Kennedy. O clube social ficava onde hoje está em reforma a Câmara de Vereadores, cuja sede funcionava, até meados dos anos 80, em outro salão da Prefeitura.

Acabam contanto histórias hilárias e de reconhecimento pessoais envolvendo a agremiação recreativa e futebolística, na qual um dos protagonistas é um dos mentores do surgimento da entidade social e esportiva, meu pai, José Julião Neto.

O auge do clube se dá entre agosto de 1967 (ano da fundação) e 1972, pelo menos é o que alcança a memória seletiva.

Por esta época Carlinhos passa a residir definitivamente na terrinha, após perambular pelo Nordeste afora com a família. Pelas transferências do pai, o sargento do Exército Joaquim Canário.

A serviço do Batalhão de Engenharia de Combate e Construção. De João Pessoa, capital paraibana, a Picos, no ensolarado interior piauiense.

Conta, com orgulho mal disfarçado, que a garotada o achava péssimo no jogo de "pingue-pongue" (tênis de mesa"), e, por pura "maldade" e "desforra", amassava, com a botina, as inocentes bolinhas brancas.

O celuloide com diâmetro de 40 milímetros, peso 2,74 gramas, então exalava um cheiro característico. E viciante. Que dizem ser gás nitrogênio.

Nas oportunidades que surgia. Com o esférico saltitante no salão anexo ao dancing. Mal rebatido ao quicar na mesa de madeira pintada de verde com listas laterais e nos fundos em branco. Com a rede divisória na mesma cor do retângulo. Confundindo o míope da ocasião (eu).

Para o desespero do primo Rui Barbosa, filho de “Passarinho" (gerente do posto Shell do ex-prefeito José Walter Olímpio), um dos assíduos mesatenistas. Façanhas que lhe renderam dupla suspensão do presidente Zé Julião.

Túlio, por sua vez, lembra com carinho, nas férias escolares, com a grana curta, Zé Julião lhe franqueava a entrada nas festas dançantes - inclusive no carnaval.

Mas ele, do alto da dignidade e reconhecimento, propunha tomar conta do bar do clube um tempo determinado, e Itamar, filho de "Manoel Sapateiro" ou "Ventola", o outro período. E todos se divertiam a valer...

Seu Manoel depois se estabeleceu com restaurante na rua comercial, imediações da casa de jogos de Luiz Bezerra da Costa (pai do craque Luiz Júnior, o “Garrincha”). Papai até autorizou lá, nas férias escolares, o café da manhã.

Valdir beberica umas latinhas de cerveja. Peço uma Coca, mas Carlinhos me oferece um aperitivo sem álcool. Muito suspeito. Aceito pela consideração ao amigo.

Recipiente comprado na andança com a esposa Teresinha pelo interior pernambucano. O litro branco, com adesivo amarelo - não lembro nem as imagens - guarda um liquido esverdeado.

Na primeira lapada, bebericada aos poucos, de um copinho quase miniatura, digo: - Eu sabia... Tomo cinco doses. Completo com três copos de cerveja no retorno. Se arrependimento matasse...

No último contato Carlinhos disse que ia jogar fora a mistura - com hortelã e abacaxi - pelo excessivo tempo de maturação do restante do conteúdo (menos da metade).

Deputado Benes Leocádio apoia Luciano Santos para presidente da Femurn

Benes Leocádio (d) conversa
 com prefeitos Luciano Santos e Pedro Henrique 

Candidato em chapa consensual a presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), o prefeito de Lagoa Nova,  Luciano Santos (MDB), passou a contar com apoio do deputado federal Benes Leocádio (União Brasil), que já presidiu a instituição por três vezes (2009/2012, 2013/2015 e 2017/2018). 

O prefeito Pedro Henrique (Pedra Grande), que concorre a Tesoureiro na chapa, acompanhou as conversas. 

"O municipalismo do Rio Grande do Norte é quem ganha com o consenso na Femurn. Estamos  unidos com a responsabilidade de tocar pelos próximos anos, uma parceria com esta instituição", disse o parlamentar, que tem direito a voto na eleição prevista para a manhã do dia 13. 

"Todos sabem do nosso histórico de ações através do mandato na Câmara dos Deputados, e sempre digo que colhemos o que plantamos pela história do municipalismo nesse Estado. Luciano Santos é um nome capaz, que une juntamente com todos os gestores que integram a chapa", completou Benes, que inicia seu segundo mandato em Brasília, em fevereiro. 

Luciano Santos, apresentou metas e eixos com o intuito de planejar um trabalho para o biênio 2023/2024 na instituição, que reúne hoje todos os 167 municípios do Rio Grande do Norte. A Chapa “Municipalismo Forte, Municípios Desenvolvidos” é composta por representantes de todas as regiões do Estado. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Turismo afetivo I - "A capital da Serra de Santana"

Lagoa Nova "eleita" capital da Serra de Santana (acervo de Ismael Medeiros)

José Vanilson Julião

Após 40 anos, em dezembro, passei 15 dias na terra natal. Aproveitei para rever os lugares por onde passei na infância e pré-adolescência. Visitei familiares. E amigos.

Também colhi informações "perdidas" de parentes. E rememorei histórias antigas. E ainda presenciei situação curiosa.

Numa dessas subidas a Serra de Santana, o acidente geográfico que reina imponente na Região do Seridó.

No retorno de uma visita a parentes da esposa do meu irmão, Ana - ambos responsáveis diretos pela minha saída de casa, mesmo a contragosto.

Numa parada para almoço. Em um restaurante. Não sei se fica entre a divisa de Lagoa Nova e Cerro Corá. Mais pra lá do que pra cá? Ou mais pra cá do que pra lá?

Mesa posta, brinco com uma menininha curiosa. Que perambula de mesa em mesa. Certamente filha de alguém do estabelecimento.

Porém as peraltices da criança têm minha atenção desviada para uma frase na camisa de meia branca. Da garçonete.

Em letras pretas, bem visíveis, está na vestimenta: "Lagoa Nova, a capital da Serra de Santana".

Achei uma petulância, digo, brincando, para o mano. Não é que se acham melhores do que Cerro Corá?

Valdir sai em defesa dos vizinhos. O município cresceu muito mais deste os anos 70. Passa dos 15 mil habitantes (zona urbana e rural).

Cerro Corá passou dos 2.500 por volta de 1971/72 para 11 mil. Conforme recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Ambos perderam moradores. O primeiro pouco mais de duas centenas. O segundo em torno de centena e meia.

Até um cerrocoraense residente em Manaus, Arijório de Medeiros Félix, em grupo de "zap", brinca: - Será que foram para Bodó (esta ganhou pouco mais de 200 habitantes) ou Cafuca, povoado no município de Santana do Matos.

As cidades realmente mudaram. Agora há até edificações com dois e três pavimentos. A maioria das ruas calçadas. O comércio, proporcionalmente, fervilha.

Antigamente os estudantes de Lagoa Nova vinham estudar no ginásio comercial "Pedro II", mantido pela Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC).

Talvez por isso a “inveja” do visitante pelo dístico da blusa da senhorinha. Descubro depois. Mãe da menininha.

Enquanto Cerro -Corá apela para a autodenominação "Suíça do Seridó". Enfim, são ligadas por estrada asfaltada. Não mais com piso de areia ou terra batida.

Lagoa Nova com um pelotão da Polícia Militar. E Cerro Corá com uma delegacia de Polícia Civil (judiciária) com jurisdição na "rival" e em Bodó, emancipado de Santana dos Matos.

Em economia Lagoa está à frente. No produto interno bruto (PIB). Dados de 2012. No posicionamento estadual 50 (86,503 mil) x 66 (64,820).

 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Vanilson Julião relembra leitura da Revista dos Esportes com Arian Félix

Arian Félix em conversa com
filho de saudoso amigo Zé Julião 

Bate-papo animado semana passada em Cerro Corá. Jornalista Vanilson Julião há pelo menos quatro décadas não passava mais que dois dias em Cerro Corá. Esposa de seu Arian Félix, dona Ana de Medeiros Félix segurando as muletas de Vanilson, acessórios usados por ele depois que sofreu um acidente doméstico em casa, em 2015.

Com um exemplar de um almanaque da Revista dos Sports, 1962, Vanilson lembrando que Arian Félix e José Julião (falecido em 1989) compravam as revistas, a meninada lia todas e rasgava os pôsteres de jogadores para coleção. No detalhe, Garrincha.

Diretora Executiva explica função do Geoparque Seridó