Por Jose Vanilson Juliao
Na antiga Taça Brasil o ABC participou de participou de sete edições: 1959, 1960/61/62/63/66 e 1967. O Alecrim duas vezes: 1964/65. O America uma: 1968. A condição: ser campeão estadual do ano anterior. Com a extinção da então maior competição nacional de sistema eliminatório, que indicava os representantes do país para a Taça Libertadores da America, os três grandes clubes da capital potiguar tiveram que se contentar com um torneio mais regionalizado, o Norte/Nordeste (1969/70). No ‘Nordestão’ nunca passaram da primeira fase.
O embrião do campeonato nacional de futebol, atualmente com quadro divisões (series A, B, C e D) foi o torneio Rio-São Paulo, disputado uma primeira vez no começo da década de 40 do século passado, e mais sistematicamente nos anos 50/60, entre 1951 e 1966. Em 1967 a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual CBF, resolveu convidar dois representantes de Minas Gerais, igual número do Rio Grande do Sul e um do Paraná. Portando um estado do Sudeste e dois da Região Sul.
Torneio Roberto Gomes Pedrosa era o nome oficial do ‘Rio-SP’ a partir de 1954, ano da morte do homenageado, antigo arqueiro do Botafogo, que esteve na Copa do Mundo na Itália (1934), goleiro e presidente do São Paulo Futebol Clube (e nome da praça em que fica o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, outro ex-presidente do tricolor, no bairro do Morumbi), alem de presidente da Federação Paulista.
Agora simplificado pelo aumentativo ‘Robertão’. Participam da primeira edição Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Botafogo e Bangu (campeão carioca do ano anterior). Mais São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos e Portuguesa. Cinco cariocas e cinco paulistas. Ainda Cruzeiro (campeão da Taça Brasil de 1966) e Atlético Mineiro, de Belo Horizonte. Assim o Sudeste soma 12 clubes. Com os dois gaúchos, Grêmio e Internacional, ambos da capital, Porto Alegre, mais o Ferroviário de Curitiba, capital paranaense, o Sul vem com três representantes. 15 times no total.
Em 1968 a Região Nordeste entra com mais dois times, um de Recife, capital pernambucana, e um de Salvador, capital baiana. Respectivamente Náutico e Bahia. Agora são 17. Os times são praticamente os mesmos. Porem sai Ferroviário e entra o Atlético Paranaense. Em 1969 continua o mesmo número de clubes, mas acontecem três mudanças. O Náutico sai, entra o Santa Cruz. O Coritiba assume a vaga do rival Atlético. O América carioca substitui o Bangu, que fora vice carioca de 1967.
Já em 1970, com o apelido ‘Taça de Prata’, a Ponte Preta de Campinas (SP) tira o lugar da Portuguesa de Desportos e o Atlético Paranaense retorna. Em 1971, com o surgimento do campeonato nacional, chega a oportunidade para mais times. Pernambuco ganha outra vaga e o Sport entra. O América mineiro se junta ao Cruzeiro e Atlético. E chega a vez do Ceará, mais um nordestino. O Atlético Paranaense dá a vez ao Coritiba. Agora são 20 times.
Como outros estados não foram contemplados com a divisão principal a Confederação cria uma segunda divisão no mesmo ano. O ABC ganha um torneio seletivo com uma vitoria e um empate (1 a 0 e 0 a 0) sobre o America e torna-se o representante norte-rio-grandense. Entre 23 representantes de todas as cinco regiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) acaba em 18º, com apenas três pontos, parelho com o Náutico e o Sport Belém, da capital paraense. Soma uma vitória, um empate e três derrotas. Outras equipes terminam com dois pontos e um ponto ganho. Na época vitória valia dois pontos.
America de Natal surpreende
O ABC participa pela primeira vez da principal divisão em 1972, como campeão potiguar do ano anterior, ao lado, também dos inéditos Clube de Regatas Brasil (Maceio/AL), Sergipe (Aracaju), Remo de Belém (Para), Nacional de Manaus (Amazonas), mais Vitória de Salvador e Náutico. Com isso o América (RN) entra direto na segunda divisão. Enquanto o alvinegro manda seus jogos no recém inaugurado Estádio Castelo Branco (4 de julho), o alvirrubro atua no acanhado e antigo estadinho da avenida Hermes da Fonseca (bairro do Tirol), o Juvenal Lamartine. Acaba na quarta colocação geral entre 23 participantes, somando 21 pontos em 16 partidas, frutos de nove vitorias, três empates e quatro derrotas. O Alecrim termina em 18º, mas com seis pontos, três a mais que o ABC no ano anterior.
Na primeira fase, com um grupo de seis times, terminou em segundo, abaixo do Campinense. Na segunda fase, com quatro participantes, termina em segundo, mas não se classifica (em destaque a ficha do último jogo). O primeiro colocado e o rubro-negro paraibano de Campina Grande, que termina vice-campeão, depois de empatar com o Sampaio Correia, de São Luis, capital maranhense, no tempo normal, na prorrogação e perder nos tiros livres direto da marca do pênalti. Na época não havia o sistema de pontos corridos, com vitorias por três pontos e o acesso e o rebaixamento. O sistema surgiu em 2003 (Serie A) e 2006 (B). Ate então, praticamente, o regulamento mudava a cada ano.
America 0 – 1 Campinense
Data: 13/12/1972
Estadio: Presidente Vargas
Campina Grande/PB
Arbitro: Gilson Cordeiro/PE
Gol: Valmir 31/2
America: Floro, Ivo, Claudio, Djalma, Duda, Alberto, Washington (Romulo), Welmer, Bagadao (Reinaldo), Jailson e Toinho
Campinense: Olinto, Miro, Ivan Lopes, Deca, Ze Preto, Vava, Dao, Dinga, Erasmo (Edgar), Pedrinho (Lula) e Valmir
Jose Vanilson Julião é jornalista free-lancer
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