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Deputado Hermano Morais trouxe crise da cajucultura para dentro da Assembléia Legislativa (foto - Eduardo Maia) |
Tema importante para os agricultores
da Serra de Santana, que abrange oito municípios das regiões Central e
do Seridó, as dificuldades enfrentadas pelos produtores de caju no Rio
Grande do Norte foram discutidas na tarde da quarta-feira (27), na
Assembleia Legislativa. Em audiência pública proposta pelo deputado
Hermano Morais (PMDB), o assunto foi debatido e alternativas foram
apresentadas pelos participantes. O objetivo é recuperar,
gradativamente, os pomares e retomar a produção no estado.
Presidente
da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo Rural, o deputado
Hermano Morais havia discutido a situação com representantes do setor e,
diante do quadro de acentuada redução na produção de caju no Rio Grande
do Norte, o parlamentar decidiu debater o tema com autoridades no
assunto. Os números apresentados por Hermano demonstraram a gravidade da
crise.
Segundo o deputado, em 2011, que foi o último ano em que
houve inverno regular no Rio Grande do Norte, 5,7 mil toneladas de
castanha foram exportadas. Em 2014, já durante a estiagem, o número caiu
para 3,3 mil toneladas e, em 2015, foi de 1,7 mil toneladas, com as
indústrias de beneficiamento atuando com 1/4 da capacidade, em média, em
2016.
Hermano Morais disse, ainda, "que temos atualmente são muitos cemitérios de
cajueiros. Há a necessidade de se fazer o replantio e recuperação do
setor para que possamos garantir a pujança de anos atrás, para combater a
queda na produção de riqueza e o aumento do desemprego na área.
Precisamos fortalecer o setor e criar novos caminhos para a
cajucultura".
O representante da
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte,
Manoel Pereira Neto, explicou que o Governo do Estado está ciente dos
problemas e tem planos para a recuperação do setor. De acordo com ele, o
Executivo vai buscar a reposição de aproximadamente 10 milhões de
cajueiros. Para isso, o Governo pensa em estruturar viveiros para a
produção de mudas a partir de cinco fazendas da Emparn, para produzir as
mudas e as variedades adequadas para cada região.
Manoel Pereira complementou: "Sabemos que é
algo que leva tempo e, por isso, vamos adquirir 300 mil mudas para
distribuir aos produtores e tentar atuar para recuperar o setor".
Também presentes à audiência, os deputados
Souza Neto (PHS) e Getúlio Rêgo (DEM) cobraram a discussão conjunta dos
setores envolvidos, inclusive com o Poder Público nas esferas municipal,
estadual e federal, para o desenvolvimento de uma política pública
específica para o setor. O pensamento foi o mesmo do agrônomo Bruno
Helano, que deu detalhes sobre a situação e sobrou um trabalho contínuo
para a cajucultura no RN.
Segundo Helano, "existe a necessidade de se criar um pacto para o setor
agrícola que seja uma política de estado, e não de Governo. Queríamos
que o Governo investisse também no produtor rural. Não queremos contar
sofrência. Queremos cobrar ações e estamos aqui sempre para cobrá-las",
disse.
Para o deputado Hermano Morais, a audiência teve o
resultado esperado. "Nós não tínhamos a ousadia de em apenas uma
audiência encontrar todas as soluções ou efetivar medidas que pudessem a
partir de hoje solucionar a situação da cajucultura. Temos que nos
articular. O que a gente percebe é que são buscadas soluções individuais
e muitas vezes se deixa de pensar coletivamente. Com a soma de esforços
e ações articuladas, com certeza poderemos avançar", disse Hermano,
convocando os presentes a cobrarem do Governo a criação de uma câmara
setorial técnica discussão permanente do tema.