Papagaio verdadeiro enriquece fauna silvestre nas cabeceiras do rio Potengi (foto - Jorge Dantas) |
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema-RN) deverá, em breve, iniciar procedimentos para a criação do Refúgio da Vida Silvestre, uma área de 12.356 hectares, que abrange territórios limítrofes de Cerro Corá, Currais Novos e São Tomé, com a publicação dos estudos técnicos e encaminhamento da proposta para ampla discussão da sociedade e órgãos públicos, através de consulta e audiência públicas, com a finalidade de preservação das cabeceiras da bacia hidrográfica do rio Potengi.
De acordo com o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar,
a Caatinga é o bioma menos protegido do Rio Grande do Norte, o que aumenta a
importância de alinhar as políticas públicas para conservação da sua
biodiversidade com os desafios das mudanças climáticas e da sustentabilidade:
“Também consideramos na escolha da área a importância da preservação dos
recursos hídricos e o combate à desertificação na região semiárida como
mecanismo de mitigação dos efeitos do aquecimento global e garantia da
segurança hídrica”.
Segundo o coordenador do Núcleo de Unidades de
Conservação (NUC) do Idema, Ilton Soares, esta é a primeira Unidade de Conservação
desta categoria no estado, dando ênfase à proteção da biodiversidade. “Esta
categoria permite a presença de comunidades humanas, uma oportunidade para
atividades sustentáveis, como ecoturismo e manejo do solo”, explicou o
coordenador.
Para o professor do Departamento de Botânica e
Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mauro Pichorim,
a região representa a porção mais preservada de Caatinga do Seridó com cerca de
230 espécies de aves, sendo várias exclusivas do bioma (endêmicas) e outras
ameaçadas de extinção ou raras.
“Além disso, a área é predominantemente composta por
encostas de serras, ambiente que mantém a melhor representatividade da
biodiversidade local quando comparado aos platôs mais altos e às áreas baixas
de planície. Até o momento, essa região é o único local conhecido de ocorrência
de arara-maracanã (Primolius maracana) e papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva)
no RN”, esclareceu o professor.
Portanto, a proteção das serras e encostas que fazem
parte da área proposta para criação da Unidade de Conservação é fundamental
para garantir as condições adequadas dos ambientes naturais onde essas espécies
existem e para sua reprodução.
Fonte - Ascom/Idema-RN