segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Turismo afetivo XI – “As mudanças de paisagem do casario da cidade”

Casas na rua Sérvulo Pereira passaram a ter pavimento superior, a fim de expandir o comércio

 
Até o fim dos anos 70 e começo dos anos 80, predominavam as casas de pavimento térreo

Por José Vanilson Julião*

O visitante ocasional ou turista forasteiro de momento pode não prestar atenção nas modernas casas, algumas com segundo pavimento ou edificações com até três andares, que hoje pontificam na cidade de ponta a ponta. Desde o centro aos bairros mais afastados. Com quase todos os terrenos disponíveis no perímetro urbano praticamente ocupados.

Mas quem viveu na cidade no final dos anos 60 e entre os primeiros anos da década de 70, sem esmiuçar as datas exatas das construções, por falta de dados provatórios, posso afirmar que as casas dos cerrocoraenses eram de feitura simplórias.

As poucas casas com fachadas diferenciadas e compartimentos ou cômodos mais planejados, se restringiam a dez no máximo, e localizadas na Avenida São João e Rua Monsenhor Paulo Herôncio. Ou uma e outra em outros logradouros, como as ruas Benvenuto Pereira e Capitão Florêncio, que cruza com a antiga “rua do Motor”, numa descida para o açude Eloy de Souza.

Como um ponto turístico, assim pode-se dizer, reina a “Casa Grande”, onde residiu o patriarca Tomas Pereira de Araújo, como se fosse um vigia eterno da praça que leva o nome dele. Com a frente para o logradouro e lateral no começo da avenida São João. Com o detalhe de um sobrado lateral do lado oposto.

Em seguida o casarão dos Pereira existe as duas casas de desenho moderno que pertenciam a família e posteriormente foram adquiridas pelos comerciantes João Bezerra Galvão e Marconio Galvão, que residiam em outras moradas, o primeiro na “Monsenhor Paulo Heroncio”, ao lado da casa do sogro.

Depois dessas casas vinha o Grupo Escolar Querubina Silveira, cuja transfiguração na arquitetura ainda gera reclamação de conterrâneos residentes em outros estados (assim como a pracinha), e a casa paroquial ao lado da igreja. Somente depois Marconio construiu uma casa do outro lado da rua, de onde saiu para a adquirida aos herdeiros dos Pereira.

Em seguida foram construídas as sedes do posto da companhia telefônica do Rio Grande do Norte (Telern) e a Biblioteca Pública Vivaldo Pereira (não necessariamente nesta ordem). Foram estas edificações o ponta pé inicial para a urbanização da área.

Na “Paulo Heroncio” em sequência, as casas mais bonitas, com fachadas diferentes, eram a do casal João Soares do Nascimento/Zilma Pereira (ele agropecuarista, ela diretora do grupo escolar), dona Maria Galvão (mãe do prefeito José Walter Olímpio) e a espaçosa moradia do agropecuarista Francisco Soares (irmão de João), para abrigar a numerosa prole (vizinha ao antigo clube velho).

Como também a casa do comerciante Manoel Leandro (Manoel Luís)/dona Elza, que ainda conserva a mesma fachada, a exemplo da residência de João Soares. Saindo da “São João” e da “Paulo Heroncio” lembro de mais duas residências modernas para a ocasião. Uma delas, na Rua Capitão Florencio, pertenceu ao pai de Valdir Florêncio. Fica em frente a casa do ex-prefeito João Batista de Melo Filho.

As paredes salpicadas e pintadas com cores fortes para que não precisassem de novas pinturas. Não sei de onde foi copiada a ideia. Mas me veio a lembrança deste pormenor nas casas de Lourival Bezerra da Costa/dona Lilia e João Bezerra Galvão/dona Teresinha (antes de morar onde hoje reside o filho João Alfredo). Uma pintada de um cinza/preto ou preto/cinza, outra de amarelo/marrom ou marrom/amarelo...

Todas essas residências particulares fazem parte do antigo conjunto arquitetônico da minha infância e adolescência, sendo que ainda fazem parte da lista a bonita fachada da Maternidade Clotilde Santina e a Prefeitura com a escadaria de piso vermelho, com seus peculiares bancos de cimento, num dos quais posei com meu irmão e minha irmã com presentes natalinos, um automóvel Kombi Volkswagen de madeira.

*Jornalista aposentado, com passagens na Tribuna do Norte, Diário de Natal e Jornal de Natal


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