A
nova edificação se destina a um centro de artesanato, mirante um palco, ou algo
assim, com o fim de promover geração de emprego e renda, além de favorecer, em
parte, o turismo no município. Isto segundo a atual gestão municipal.
Não
tenho conhecimento ou profundidade sobre o projeto e as ‘maquetes’ ou
reproduções e imagens da futura obra, que já teria sido iniciada.
Porém,
num primeiro momento, depois de analisar todos os comentários do veterano
profissional da imprensa potiguar e a repercussão dos mesmos com postagens em
seu blog, não me furto a tecer minhas considerações.
Posso
até estar errado nesta primeira, e espero que seja a única, abordagem sobre o
assunto. Há depender do exposto, acho a nova obra um verdadeiro “monstrengo”, que
vem, ainda mais, ferir a visão panorâmica do centro da cidade, tão carente de
passeio público.
Sou
do tempo, entre 1964, quando tinha seis anos, e 1971, que a pracinha tinha
somente um pedestal de mármore ou granito branco encimado com o busto de Tomaz
Pereira, com a placa de bronze indicativa de quem foi o homenageado. Ao redor o
terreno de terra batida, que servia de campo de futebol para a criançada e os
adolescentes. Era lá que Sebastião Canário tinha o seu timinho de futebol, de
camisas brancas, com golas olímpicas (circular) e fio colorido, e apitava as
partidas para a meninada.
Sebastião,
do armarinho sortido, ao lado da casa da mãe, dona Ana, e do primeiro e único
cinema da cidade, o Cine Canário, construído com a ajuda dos irmãos residentes
na capital, desativado deste o final dos anos setenta. E na noite do Natal ele
organizava os sorteios das argolinhas e da casinha dos coelhos. Prêmios
variados e baratos, ao gosto do cliente.
A
partir de 1972 a pracinha ganhou uma urbanização. Na área em questão foram
construídos dois grandes círculos, com azulejos azuis, nos quais foram
colocados água e peixinhos. O primeiro ficava do lado que dá para a confluência
do largo em que terminam ou começam as ruas Monsenhor Paulo Herôncio de Melo e
Vivaldo Pereira, e o segundo ficava defronte a “Casa Grande”, cuja lateral dá
para a Avenida São João (a da matriz), onde viveu Tomaz Pereira.
Ao
lado do segundo circulo havia um quadrilátero com areia, que se transformou em
um minicampo de futebol para a garotada. As traves eram paralelepípedos ou as
sandálias japonesas. Entre os dois círculos outro quadrilátero, de mármore
preto, que também servia de “quadra de esportes”.
É
nesse quadrado preto, quase ao fundo, no sentido sul-norte, que foi colocado o
mesmo busto de Tomás Pereira. E toda a praça era pavimentada com lajotas
semelhantes aquelas da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Anos
depois, não lembro em qual administração ao certo, começou a desfiguração da
praça, com a plantação de mudas de palmeiras imperiais, não
nativas da região.
Saudades
da pracinha, em que, durante o carnaval, a galera aproveitava para tomar banho
nos círculos e se livrar da ressaca da noite e madrugada anterior ou, no final
de tarde, começo da noite, se livrar do mela-mela de ovo, araruta, talco e
colorau, para a noite festejar no clube municipal (ou Grêmio Presidente
Kennedy), onde é hoje a Câmara de Vereadores, ou no antigo mercado do centro,
transformado depois em clube.
Isto
acontecia comigo, pelo menos, até 1978/79. É isso.
*Artigo
publicado na edição de setembro do JORNAL A ESPERANÇA (Natal), na coluna “Extra
Pauta”, do jornalista José Vanilson Julião
8 comentários:
Porque tanta indignação com a construção de uma nova praça? Eu também sinto saudades dos velhos tempos, mas isso se chama modernidade. Eu concordo com a transformação que está acontecendo na praça Tomaz Pereira e dou meu total apoio.
Eu concordo com a transformação que está acontecendo na praça Tomaz Pereira, isto é a modernidade.
Não é indignação, nem é questão de saudade da praça antiga, porque transformações, ao longo do tempo, ela tinha que passar mesmo, como realmente passou, porque o que existia nos anos 60 não era praça mesmo.
Quanto aos relatos sobre o que se viu na praça, é normal se for relacionado a um momento da vida cotidiana das pessoas, que vêm e vão dentro de todo um processo natural da vida humana...
Quanto a modernidade questionada, em nossos artigos nunca questionamos a tal de modernidade e nunca fomos contra restauração, repaginação, reconstrução ou nada na praça Tomaz Pereira.
O que há de se conviver, e isto realmente é questionável pela maioria das pessoas de bom senso, é a construção de uma obra de alvenaria em cima de uma praça central, tomando o passeio público das pessoas, por mais plasticidade e moderna que venha a ser essa obra arquitetônica.
Agradeço a gentileza de Canário em expor a sua opinião, mesmo que ela careça de qualquer argumentação. Fosse esse equipamento construído na praça verde, qual seria a reação das pessoas de bom senso de Cerro Corá. Porque não construir essa obra na praça Walter Olimpio, no bairro Tancredo Neves, por razões já fundamentadas por nós em artigos aqui postados, até porque a praça de "Casa Velha", mas parece uma quadra de esportes do que realmente uma praça pública...
Porque não se construiu esse equipamento ao lado da praça, no vácuo ali perto da ladeira para a rua Arnaldo Bezerra...
Frágeis e , praticamente, inexistentes são os argumentos para a construção dessa obra de alvenaria em cima da principal praça da cidade.
O comentário do jornalista serve, pelo menos, para que os mais jovens saibam alguma coisa sobre a história humana da cidade. Seus aspectos sociais e geográficos. Ou alguém não sabe que do passado se tira lições para o presente e, talvez, o futuro. Da descoberta da roda e do controle do fogo pelo homem, depois a linguagem, deu no que deu: por isso temos esse tal de computador!
Estive na cidade neste fim de semana de eleições e a primeira impressão que tive foi a de que o "monstrengo" seria uma igreja. Que coisa horrorosa!
KKKKKKKKKKKKKK. O último comentário sobre o "monstrengo" é mesmo hilariante. Pelo visto vai se parecer com um templo da Igreja Universal do Reino do Deus. Concordo.
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