terça-feira, 1 de maio de 2012

"Jango", na visão de um jornalista cerrocoraense



Extra Pauta - O Presidente Coxo

No dia 1 de abril de 1964, portanto há 42 anos, quando o então 24º presidente da República, o gaúcho João Belchior Marques Goulart (*1/3/1919 - +6/12/1976), saia do Brasil, pelo Rio Grande do Sul, para o Uruguai, eu caminhava para completar seis anos no dia 13 do mesmo mês.
Entre os dez e 12 anos é que comecei a ouvir falar em "Jango", o presidente deposto pelo golpe militar do dia 31 de março para 1º/4, o Dia da Mentira, que não terminou sendo nenhuma lorota. Dele mesmo somente conhecia o que lia pelos livros de História e das fotografias, geralmente em primeiro plano (close-up).
A maior parte da vida do presidente exilado, todo mundo conhece, inclusive e principalmente, os contemporâneos que vivenciaram a trajetória política dele, desde São Borja (RS), passando pelo Rio de Janeiro e, posteriormente, Brasília, a capital federal.
E sempre no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sigla criada sob os auspícios do ditador Getúlio Dorneles Vargas, não por acaso, de São Borja, e de quem fora ministro do Trabalho nos anos 50, na segunda chegada ao poder de GG, agora pelo voto popular e não por meio de uma revolução, como acontecera em 30.
Um homem bonito, charmoso e de porte atlético, Jango tinha uma bela primeira dama, Maria Teresa Fontella Goulart (nascida em 1940), como esposa e um casal de filhos (anos depois apareceria um terceiro descendente, fora do casamento oficial).
Mas, anos depois, na casa dos 50 anos, fui surpreendido com uma informação colhida no livro "Uma Estrela Solitária", biografia do jogador botafoguense Garrincha, escrita pelo jornalista Rui Castro. Jango puxava da perna direita.
Fiquei com aquilo na cabeça. Muito tempo depois, não lembro exatamente de data, ao assistir um documentário (1980) do cineasta paranaense Silvio Tendler sobre o também presidente republicano, o mineiro Juscelino Kubistchek de Oliveira, de quem fora eleito vice com mais votos de que o próprio JK, veio à "confirmação". Numa filmagem de época Jango caminhava puxando a perna.
E se não estou enganado, o registro em filme foi feito durante o discurso de posse de JK no Palácio Monroe, no Rio, demolido no começo da década de 70 do século passado para a construção do metrô carioca. Detalhe: Tendler também fez o documentário "Jango" (1985).
Recentemente o blogueiro caicoense Ailton Medeiros postou um documentário de mais de 1 hora sobre o golpe de 64, veiculado pela TV Brasil (canal público) em março do ano passado, e novamente imagens mostram Jango, logo após descer de um avião, coxeando. A postagem do documentário, de autoria do jornalista Flávio Tavares, foi feita na quarta-feira, dia 4 de abril.
Diante destas informações fui a um buscador na internet e digitei a pergunta: "Jango era coxo?" Apareceram vários artigos e comentários de contemporâneos. Um diz que Jango brincava com a situação; outro afirma que era difícil caricaturá-lo, o contrário de outros políticos da época, como Jânio da Silva Quadros, Tancredo de Almeida Neves, Carlos Lacerda e San Tiago Dantas.
Enfim, dizem que uma queda de um cavalo o tornou coxó! Pois jovem jogava futebol no Internacional de Porto Alegre, a capital sul-rio-grandense. Manco ou não, Jango fez história e é parte da história. Mesmo de personalidade controversa, pois filho de estancieiro, se tornou um político de vanguarda.
E caro leitor, não pense que o colunista é preconceituoso por tornar a baila, neste humilde espaço, um mero detalhe físico.
JOSÉ VANILSON JULIÃO
josevanilsonj@yahoo.com.br

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