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João Emanoel (primeiro em pé à esquerda) em foto de 1971, participou de fundação de 'jornalzinho" ao lado de José Valdir Julião (último em pé, à direita) e de José Vanilson Julião (agachado, no centro) e de Francisco Ariomar de Medeiros Félix (goleiro). O Botafogo é o time em que aparecem, ainda, Luiz Bezerra Júnior, o "Garrincha" (terceiro agachado à direita) e José Ailton Quirino Costa,o "Dedé" (primeiro agachado à esquerda) e Paulo Canário Filho (terceiro à direita) |
Por Valdir Julião
A notícia que recebemos através
do Facebook de uma prima de João Emanoel Rego Costa sobre a sua morte surpreendeu a todos nós
cerrocoraenses, de uma geração de adolescentes da primeira metade dos anos 70.
O ciclo da vida terrena é assim, deixa a todos nós consternados, mas cumpre-se,
mais cedo ou mais tarde, os desígnios da natureza e de Deus.
João Emanoel, 62 anos, chegou em
Cerro Corá em 1970 e ficou por lá até 1973, tinha vindo residir com a irmã
Denise, esposa do engenheiro de Minas Paulo Roberto Pires, que gerenciou a Mina
Bodó, na casa onde hoje mora dona Teresinha Bezerra.
Na época, em 1973, quando fazíamos
a terceira série no extinto Ginásio Comercial Pedro II, fundamos com João
Emanoel, meu irmão Vanilson Julião e os irmãos Ariomar e Arijoi Félix um “jornalzinho”
mimeografado, o “Correio Estudantil”, que inclusive foi tema em artigo
publicado na revista “Giro Seridó”, em abril de 2014, na época editado pela
ex-vereadora Graça Santos.
Parte do artigo, foi reproduzido
no blog CERRO CORA NEWS, que republicamos em parte, aqui, em homenagem ao amigo
que partiu, historiando a fundação do “Correio Estudantil”.
Mas o jornal teve uma vida
efêmera, uns quatro ou cinco números, mas o bastante para essa turma de
adolescentes, 14 e 15 anos, causar furor na cidade. Até sessão solene ocorreu,
acredito, se não falha a memória, em setembro de 1973, na Câmara Municipal.
O “Correio Estudantil” para sair
às ruas não foi fácil, tinha de “mendigar” resma de papel para a sua a
impressão. Acho que a prefeitura fez uma doação, outra vez, meu pai, José
Julião Neto, tirou do bolso uns “trocados” para financiar o papel. Uma resma, naquele
tempo, a gente achava os “olhos da cara”.
Depois, eu e meu irmão fomos
estudar em Assu, com a gente, Francisco Ariomar. Dessa história de pioneirismo
jornalístico, só não abraçaram a carreira de jornalista Ariomar, que hoje é
diretor de uma refinaria em Manaus (AM), Arijório é contador em Patos (PB) e
João Emanoel é agrônomo, em Recife (PE).
Pra encerrar, tem a história do
mimeógrafo a álcool. Caro pra época, a “estudantada” não tinha como
comprar. Uma saída, escrever a um
político, pedindo a doação. “Vamos aventurar, quem não arrisca não petisca”,
era o falatório entre nós. Escrevemos uma carta para o então diretor-presidente
da Cosern, Ney Lopes de Souza, que anos depois se elegeu deputado federal por
vários mandatos. Com uma semana, Ney Lopes respondeu, a doação do mimeógrafo
estava garantida. Quando chegou foi uma festa.
Histórias como essas reforçam a
premissa de que o povo cerrocoraense está sempre à frente do seu tempo.