Por Valdir Julião
A notícia que recebemos através do Facebook de uma prima de João Emanoel Rego Costa sobre a sua morte surpreendeu a todos nós cerrocoraenses, de uma geração de adolescentes da primeira metade dos anos 70. O ciclo da vida terrena é assim, deixa a todos nós consternados, mas cumpre-se, mais cedo ou mais tarde, os desígnios da natureza e de Deus.
João Emanoel, 62 anos, chegou em Cerro Corá em 1970 e ficou por lá até 1973, tinha vindo residir com a irmã Denise, esposa do engenheiro de Minas Paulo Roberto Pires, que gerenciou a Mina Bodó, na casa onde hoje mora dona Teresinha Bezerra.
Na época, em 1973, quando fazíamos a terceira série no extinto Ginásio Comercial Pedro II, fundamos com João Emanoel, meu irmão Vanilson Julião e os irmãos Ariomar e Arijoi Félix um “jornalzinho” mimeografado, o “Correio Estudantil”, que inclusive foi tema em artigo publicado na revista “Giro Seridó”, em abril de 2014, na época editado pela ex-vereadora Graça Santos.
Parte do artigo, foi reproduzido no blog CERRO CORA NEWS, que republicamos em parte, aqui, em homenagem ao amigo que partiu, historiando a fundação do “Correio Estudantil”.
Mas o jornal teve uma vida
efêmera, uns quatro ou cinco números, mas o bastante para essa turma de
adolescentes, 14 e 15 anos, causar furor na cidade. Até sessão solene ocorreu,
acredito, se não falha a memória, em setembro de 1973, na Câmara Municipal.
O “Correio Estudantil” para sair
às ruas não foi fácil, tinha de “mendigar” resma de papel para a sua a
impressão. Acho que a prefeitura fez uma doação, outra vez, meu pai, José
Julião Neto, tirou do bolso uns “trocados” para financiar o papel. Uma resma, naquele
tempo, a gente achava os “olhos da cara”.
Depois, eu e meu irmão fomos
estudar em Assu, com a gente, Francisco Ariomar. Dessa história de pioneirismo
jornalístico, só não abraçaram a carreira de jornalista Ariomar, que hoje é
diretor de uma refinaria em Manaus (AM), Arijório é contador em Patos (PB) e
João Emanoel é agrônomo, em Recife (PE).
Pra encerrar, tem a história do
mimeógrafo a álcool. Caro pra época, a “estudantada” não tinha como
comprar. Uma saída, escrever a um
político, pedindo a doação. “Vamos aventurar, quem não arrisca não petisca”,
era o falatório entre nós. Escrevemos uma carta para o então diretor-presidente
da Cosern, Ney Lopes de Souza, que anos depois se elegeu deputado federal por
vários mandatos. Com uma semana, Ney Lopes respondeu, a doação do mimeógrafo
estava garantida. Quando chegou foi uma festa.
Histórias como essas reforçam a premissa de que o povo cerrocoraense está sempre à frente do seu tempo.
Um comentário:
O jornal primeiro foi impresso em um sismógrafo a tinta. Me parece que era do ginasio ou um do grupo escolar Querubina Silveira
Depois chegou o mimeografo a álcool, uma evolução técnica, e que mesmo dia do por Ney Lopes.
Creio que foram editados sete ou oito números.
Primeiro com papel ofício tipo jornal. Tamanho A4.
O jornal também chegou a ser impresso em papel verde e depois cor de rosa.
Acionar era o desenhista e digamos o caricaturista.
Como a impressão não tinha como incluir foto uma das matérias aonteceu e apareceu uma ideia genial.
Com uma reportagem o prefeito Francisco Pereira, o Pereirao.
Acionar pegou uma foto e fez os contornos da imagem fotográfica inclusive com os traços fisionomicos do personagem.
Com um papel adequado e transparente, lusco-fusco, tipo papel manteiga, e a cópia saiu bem parecida.
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