Por José Vanilson Julião*
Ao ler uma noticia no blog do DJ Aildo, sobre a 27ª Festa de Nossa
Senhora do Rosário, padroeira do maior bairro de Cerro Corá (sede do municipio
seridoense distante 190 quilometros da capital do RN), me veio à lembrança as
caminhadas da infância e pre-adolescência pelas ruas e becos, entre o final dos
anos 60 e o começo da década de 70, na então cidadezinha de quase três mil
habitantes (atualmente a população passa dos 11 mil).
O bairro Tancredo Neves se chamava Casa Velha, nome tirado de um
sítio das redondezas. Terminava na saída da estrada de barro, hoje asfaltada,
de acesso ao então distrito e atual município de Bodó, que foi desmembrado de Santana do
Matos no começo dos anos 90. Das pequenas casas, inclusive de taipas, construção ordinária de paus entrelaçados
e ligados por uma massa de terra, uma liga de massapê, da qual surgiam as
paredes, alternativa baratissima para quem não tinha condição de comprar
tijolos e cimento.
Tinha a escola municipal, denominada professora Belmira Viana…A
mercearia mais importante era a do sogro de “Chico Gordo”, o eterno rei momo do
carnaval cerro-coraense. Ficava na esquina da estrada de barro, saída para a
cidade de São Tomé, na região do Potengi, um trecho que, nos anos 70, durante a administração do então governador Cortez Pereira, ja se falava em asfaltar, até com incentivo do primo do
governador, o coronel do Exército Rubens Pereira, que era seu secretario estadual de
Segurança Publica.
Antes de Casa Velha tinha a “Rua da Ponte”, cuja residência de
referência, a primeira a direita de quem segue em direçao ao norte (na saida da
ponte), era a do vice-prefeito Jose Rodrigues, morto em acidente de caminhão,
logo após ser eleito como companheiro de chapa para a primeira das quatro
administraçoes do atual vice, Joao Batista de Melo Filho.
O principal atrativo da ponte, alem dos banhos, era a sangria do
açude Eloi de Souza, construido durante a seca de 1932. Logo adiante havia a
trilha de acesso ao “Cruzeiro”, ápice de uma rocha de granito, onde tem,
tambem, a “furna da onça”. No local assisti uma partida do selecionado nacional,
em 1971, contra a Argentina, pela Copa Roca, competição que vinha desde os anos
20. Pela televisão ainda em preto e branco, pela Rede Tupi. A antena fora
instalada com apoio do meu pai, Ze Juliao Neto, e amigos, como o sargento Mitre, do Batalhão de Engenharia e Construção do Exército.
Na “ponte” passei um hilário episódio. Havia “fugido” da padaria do
meu pai, com o mano, à tarde, para nadar. De longe avistamos o Fusca vermelho
do papai. Mergulhamos. Segundos depois, voltando à tona, pois ninguém era
invencível na “tomada de fôlego”, ele, de braços cruzados, esperando…
À época a criançada do futebol não chamava as ruas e avenidas
pelos nomes oficiais, em homenagens as personalidades do lugar e, inclusive, a
personagens nascidos no município de Currais Novos, do qual a antiga comunidade
Barro Vermelho, depois Caraúbas, o distrito de Cerro-Cora, foi desmembrado em
1953.
Cerro-Cora começava no Hospital-Maternidade Clotilde Santina, o
moderno prédio situado em frente o campo “Othon Osorio”. Era a “rua de baixo”, a
Tristão de Barros, pai do ex-vice-governador e ex-reitor da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Genibaldo Barros, parente do sogro do meu tio
Luiz Juliao Cavalcante (“Lulu”), Nico Barros, pai dos meus amigos Rovan e
Rodivan, técnicos da primeira televisão potiguar, a Universitaria (canal
cinco). O ponto de referência era a “curva de Arian”, uma alusão ao dono de
bar, pai do meu amigo Ariomar Felix, hoje residente em Manaus, capital
amazonense.
Em demanda do centro mais uma rua, onde residia Ednor Pedro de
Melo, o meu eterno motorista do caminhao De Soto (marca americana)
laranja-vermelho, que seria parente, distante, do cangaceiro romântico, Jesuino
Brilhante, das serras do Patu (Regiao Oeste). E da mercearia de seu Anjo, pai
de Pereirinha (mora atualmente em
São Paulo do Potengi) e Canindé, um dos rapazes “Jovem
Guarda” da cidade. Mais outra, a dividida ao meio pela Praça Maria Luzia, a
parteira da cidade, esposa do comissário de menores, Joaquim Guimaraes.
Nesta pracinha fora instalada a segunda tv pública.
Estas ruas eram as duas zonas intermediarias da “rua de cima”, a
outra da turma da pelada ou bate-bola.
Oficialmente chamada de Monsenhor Paulo Heroncio de Melo. Quase que somente de
residencias. Depois da Paulo Heroncio, a Vivaldo Pereira, pai de Cortez.
Atualmente chama-se Servulo Pereira, o prefeito, deputado estadual e empresario
de mineraççao. Era e ainda é a “rua do comercio”, das mercearias de Joao Bezerra
Galvao, Marconio Galvao e Valdemar Ferreira, pai de Marquinhos. E do “bar de
Chico”. E do posto de gasolina de Manoel Leandro, tambem conhecido como Manoel
Luis, pai dos amigos Rogerio e Carlinhos. No posto tinha uma lanchonete, na
qual tomava o refrigerante Crush com pão doce, francês ou carteira, produtos da
panificadora do papai, atualmente administrada pelo amigo João Alfredo, filho
de Bezerra.
Entre as duas ruas a pracinha, oficialmente Tomaz Pereira, pai da
diretora do Grupo Escolar Querubina Silveira, dona Zilma, pai de Eugenio. Da
praça começava a “rua da Igreja”, a avenida São João, o padroeiro do lugar.
E tinha a “rua do motor”. Onde ficava o grande prédio com o motor
movido a oleo diesel, que fornecia energia elétrica ate às 22 horas. Funcionou
até dezembro de 1970, quando o então governador, monsenhor Walfredo Gurgel, inaugurou a energia da usina de Paulo Afonso (Bahia). Por
hoje encerro…
Um comentário:
Troquei as bolas: a sequencia eh: rua de cima e rua de baixo, respectivamente Tristao de Barros e Monsehor Paulo Heroncio...
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