Há uns três meses a diretora da “Giro Seridó”, Graça Santos, havia me convidado para colaborar com sua revista. De antemão, agradeço pela lembrança e a parabenizo pela iniciativa, que se tornou sucesso em Cerro Corá e cidades vizinhas. Experiente radialista com atuação na rádio Liberdade (104 FM), dirige um novo veículo de comunicação já consolidado com o apoio de todos os cerrocoraenses.
Além da versão impressa, a “Giro Seridó” ganhou a sua fanpage na rede social Facebook, na internet, coisa que permitiu às pessoas e às comunidades, a oportunidade de comunicação entre elas sem depender da mídia tradicional, controlada por grupos e pessoas, que deixavam à margem de todo o processo noticioso, informativo e formador de opinião as pequenas cidades.
Agora, faço a estreia com uma coluna na revista “Giro Seridó”, para dizer que antes da internet e de iniciativas como essa da Graça Santos, Cerro Corá também já teve uma história de pioneirismo em relação a veículos de comunicação.
Nos anos 40 e 50, o meio de então era o alto-falante do Cerro Corá Club. Depois, nos anos 60 e 70, o mesmo recurso era usado pelo Grêmio Presidente Kennedy (GPK) , uma associação litero-recreativa fundada em 1968.
Já no começo dos anos 70, “Assizinho”, que hoje apresenta um programa evangélico na 104 FM também tem uma história de pioneirismo. Naquela época, ele residia na Fazenda Tupã, de propriedade do agropecuarista e minerador Sérvulo Pereira, de onde passou a fazer um curso de eletrotécnica por correspondência.
Nem mesmo concluiu o curso, o qual não lembro se foi feito pelo Instituto Universal Brasileiro (IUB) ou Instituto Monitor, desses que saia cupom em revista de quadrinhos, “Assizinho” montou uma emissora de rádio pirata, depois fechada, ai vai um lapso de memória, pelo Dentel, antigo órgão do governo federal que controlava os veículos eletrônicos de comunicação.
Outra história pioneira refere-se aos estudantes José Valdir e José Vanilson Julião, que com os amigos do extinto Ginásio Comercial Pedro II, João Emanoel Rego Costa, um pernambucano de Garanhuns que veio morar na casa de uma irmã casada com um engenheiro de Minas que trabalhava na Mineração Sertaneja, em Bodó, e ainda Francisco Ariomar e Francisco Arijório de Medeiros Félix, fundaram o “Correio Estudantil”, que era impresso em mimeógrafo a álcool e distribuído gratuitamente com a comunidade.
Mas o jornal teve uma vida efêmera, uns quatro ou cinco números, mas o bastante para essa turma de adolescentes, 14 e 15 anos, causar furor na cidade. Até sessão solene ocorreu, acredito, se não falha a memória, em setembro de 1973, na Câmara Municipal.
O “Correio Estudantil” para sair às ruas não foi fácil, tinha de “mendigar” resma de papel para a sua a impressão. Acho que a prefeitura fez uma doação, outra vez, meu pai, José Julião Neto, tirou do bolso uns “trocados” para financiar o papel. Uma resma, naquele tempo, a gente achava os “olhos da cara”.
Depois, eu e meu irmão fomos estudar em Assu, com a gente, Francisco Ariomar. Dessa história de pioneirismo jornalístico, só não abraçaram a carreira de jornalista Ariomar, que hoje é diretor de uma refinaria em Manaus (AM), Arijório é contador em Patos (PB) e João Emanoel é agrônomo, em Recife (PE).
Pra encerrar, tem a história do mimeógrafo a álcool. Caro pra época, a “estudantada” não tinha como comprar. Uma saída, escrever a um político, pedindo a doação. “Vamos aventurar, quem não arrisca não petisca”, era o falatório entre nós. Escrevemos uma carta para o então diretor-presidente da Cosern, Ney Lopes de Souza, que anos depois se elegeu deputado federal por vários mandatos. Com uma semana, Ney Lopes respondeu, a doação do mimeógrafo estava garantida. Quando chegou foi uma festa.
Histórias como essas reforçam a premissa de que o povo cerrocoraense está sempre à frente do seu tempo.
6 comentários:
Valdir, valeu pela citação à minha pessoa neste artigo emocionante para mim, pois me transportou para aqueles tempos juvenis em que fomos pioneiro com o Correio Estudantil, uma experiência inesquecível. Ainda tenho, até hoje, uma das suas edições como recordação, volume este que lhe enviei uma cópia, lembra-se disto? Obrigado pela emoção que você me proporcionou. João Emanoel.
Guardei a cópia, em breve devo publicar no blog...
O jornal teve pelo menos dez edições. Sempre em tamanho ofício (A4). Primeiro em papel jornal. Depois nas cores verde e rosa, dependendo do fornecimento do papel. A publicação teve até a ousadia de entrar na crise do petróleo de 1973. Lembro que Ariomar era o "desenhista". Pegou uma foto do então prefeito Francisco Pereira e com um papel transparente "fotografou" o personagem político. (José Vanilson Julião)
Parabéns Valdir, pela excelência do blog, da matéria e pelo pionerismo com os colegas no trabalho jornalístico. Tudo isto dignifica os filhos da terra.
Parabéns, Valdir, pela excelência da materia, do blog e da publicação na revista giro seridó, bem como pelo pioneirismo na publicação do periódico para o povo serrano, o que dignificou nossa comunidade.
Obrigado pela leitura fidelizada, cumprimos o nosso papel de resgatar a memória do povo cerrocoraense...
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