Estádio que abriga jogos do torneio início homenageia religioso
José Vanilson Julião
Pároco dá nome a uma das principais ruas do centro de Cerro Corá. E é o patrono do primeiro campo de futebol de Currais Novos. Paulo Herôncio de Melo (Natal, 3/1/1901 – Currais Novos, 1/9/1963) era filho de Hermógenes e Maria das Mercês, moradores da rua Voluntários da Pátria, na capital potiguar.
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Monsenhor Paulo Heroncio (d) ao lado do padre Talvaci Salustino, foi nome do primeiro estádio de futebol em Currais Novos |
Foi batizado na matriz de Nossa Senhora da Apresentação (27/1/01) pelo padre João Maria Cavalcanti de Brito, de antiga e tradicional família seridoense.
Ingressa no primeiro seminário de Natal em 1912, por intermédio por dom Antonio Santos de Cabral, extinto com a renúncia deste ao bispado.
Aos 13 está no Seminário São Pedro, também fundado por dom Antonio em 1919. Cursa Filosofia em Natal e Fortaleza.
É diácono (29/6/1923). Sacerdote (9/3/1924) por dom José Pereira Alves. Dia 12 celebra a primeira missa.
Torna-se vice-diretor do Colégio Santo Antonio. Em 1 de abril é nomeado vigário coadjuvante (Mossoró), passando a titular (25/26). Auxilia na direção do Ginásio Santa Luzia.
Transferido para a paróquia de Macau – litoral norte ou região salineira – é prefeito (1930/33). Ainda em 1930 dirige o jornal católico “Diário de Natal” (o primeiro), antecessor do vespertino “A Ordem”, que circula entre 1935/52 e com segunda fase nos anos 60.
No mesmo ano é nomeado reitor do Seminário São Pedro. De 33 a 37 está em São José do Mipibu, sede do primeiro congresso eucarístico do Rio Grande do Norte (1936). Pelo sucesso do encontro recebe o título honorífico de cônego do cabido de Aracaju, capital sergipana.
Os primeiros contatos com Currais Novos: em 1922, como seminarista, no novenário da padroeira. Em 1929, em campanha de donativos para o futuro A Ordem, faz conferencia na cidade.
Em 3/7/1937 é nomeado para a paróquia local por dom Marcolino Dantas, bispo de Natal. Organiza o primeiro congresso eucarístico local (27-31/7).
Em comemoração ao evento ergue o monumento ao Cristo Rei, localizado até hoje na principal praça da cidade. A estátua veio da França. Doação do casal Manoel Salustino e Ananília Regina, genitores do desembargador Tomás Salustino Gomes de Melo.
Obras sociais e religiosas: em 1938 inicia a construção da Casa de Nossa Senhora (hoje escola municipal), destinada às crianças de menor condição social. Inaugurada em 28/2/43 tinha como finalidade a reeducação de menores, a assistência religiosa, intelectual e profissional às crianças pobres, tendo como anexo o Centro Regional de Escoteiros.
Em 1943, com a LBA, foi colocada a pedra fundamental da Vila de São Vicente, destinada a atender os pobres, com o Ambulatório Padre João Maria (atual Hospital Regional de Currais Novos) e a Casa de São João, refeitório da Escola de Nossa Senhora, criada nas dependências do Hospital Padre João Maria a secção da Maternidade Ananília Regina.
Em 15/8/48 a Maternidade passou a funcionar em prédio próprio, dia em que recebeu a primeira criança ali nascida.
No início do ano de 1944 iniciou a construção do Instituto Jesus Menino. Após algum tempo, frente às dificuldades de administração, a chefia do Ginásio passou às mãos das Irmãs do Amor Divino.
Em 1959 edifica o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, instalando, a 13/5, o Centro Social Nossa Senhora de Fátima, no bairro Paizinho Maria.
1950. Visita Roma, com a irmã Neném Herôncio, assiste à canonização de Santa Maria Goretti, para a qual erigiu capela, a primeira da América Latina dedicado a esta Virgem. No mesmo ano fundou a Escola-Creche de Santa Maria Goretti, com clubes de Mães e de jovens, em prédio anexo.
No jubileu de prata da chegada dele a municipalidade é realizado o Congresso Eucarístico-Mariano (1962).
Escreveu “Os Holandeses no Rio Grande do Norte (1937)... para celebrar o tri-centenário em memória ao martírio do padre André de Soveral, padre Ambrósio Ferro, Matias Moreira e cristãos sacrificados nos engenhos de cana de açúcar Uruaçu (São Gonçalo do Amarante) e Cunhaú (Canguaretama). Além deste publica "Seguindo o Mestre" (1939), livro de meditação.
Atividades: presidente do Tiro de Guerra 315, fundador da União dos Moços Católicos (Macau), presidente da Cooperativa Banco Rural Currais Novos (desde 1953), presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA), sócio do Instituto Histórico e Geográfico do RN e membro da Academia Potiguar de Letras.
Foi sepultado dia seguinte a morte, aos pés do altar de Santana, padroeira da cidade. Aos 62 e 39 de ordenação.
FONTE: “Retoques da História de Currais Novos” – Celestino Alves – Fundação José Augusto/Natal (1985)