Recentemente
o jornalista José Valdir Julião postou em seu blog – “Cerro Corá News” -, uma
série de comentários ou artigos sobre a construção de um prédio, em plena Praça
Tomaz Pereira, naquela cidade seridoense.
A
nova edificação se destina a um centro de artesanato, mirante um palco, ou algo
assim, com o fim de promover geração de emprego e renda, além de favorecer, em
parte, o turismo no município. Isto segundo a atual gestão municipal.
Não
tenho conhecimento ou profundidade sobre o projeto e as ‘maquetes’ ou
reproduções e imagens da futura obra, que já teria sido iniciada.
Porém,
num primeiro momento, depois de analisar todos os comentários do veterano
profissional da imprensa potiguar e a repercussão dos mesmos com postagens em
seu blog, não me furto a tecer minhas considerações.
Posso
até estar errado nesta primeira, e espero que seja a única, abordagem sobre o
assunto. Há depender do exposto, acho a nova obra um verdadeiro “monstrengo”, que
vem, ainda mais, ferir a visão panorâmica do centro da cidade, tão carente de
passeio público.
Sou
do tempo, entre 1964, quando tinha seis anos, e 1971, que a pracinha tinha
somente um pedestal de mármore ou granito branco encimado com o busto de Tomaz
Pereira, com a placa de bronze indicativa de quem foi o homenageado. Ao redor o
terreno de terra batida, que servia de campo de futebol para a criançada e os
adolescentes. Era lá que Sebastião Canário tinha o seu timinho de futebol, de
camisas brancas, com golas olímpicas (circular) e fio colorido, e apitava as
partidas para a meninada.
Sebastião,
do armarinho sortido, ao lado da casa da mãe, dona Ana, e do primeiro e único
cinema da cidade, o Cine Canário, construído com a ajuda dos irmãos residentes
na capital, desativado deste o final dos anos setenta. E na noite do Natal ele
organizava os sorteios das argolinhas e da casinha dos coelhos. Prêmios
variados e baratos, ao gosto do cliente.
A
partir de 1972 a pracinha ganhou uma urbanização. Na área em questão foram
construídos dois grandes círculos, com azulejos azuis, nos quais foram
colocados água e peixinhos. O primeiro ficava do lado que dá para a confluência
do largo em que terminam ou começam as ruas Monsenhor Paulo Herôncio de Melo e
Vivaldo Pereira, e o segundo ficava defronte a “Casa Grande”, cuja lateral dá
para a Avenida São João (a da matriz), onde viveu Tomaz Pereira.
Ao
lado do segundo circulo havia um quadrilátero com areia, que se transformou em
um minicampo de futebol para a garotada. As traves eram paralelepípedos ou as
sandálias japonesas. Entre os dois círculos outro quadrilátero, de mármore
preto, que também servia de “quadra de esportes”.
É
nesse quadrado preto, quase ao fundo, no sentido sul-norte, que foi colocado o
mesmo busto de Tomás Pereira. E toda a praça era pavimentada com lajotas
semelhantes aquelas da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Anos
depois, não lembro em qual administração ao certo, começou a desfiguração da
praça, com a plantação de mudas de palmeiras imperiais, não
nativas da região.
Saudades
da pracinha, em que, durante o carnaval, a galera aproveitava para tomar banho
nos círculos e se livrar da ressaca da noite e madrugada anterior ou, no final
de tarde, começo da noite, se livrar do mela-mela de ovo, araruta, talco e
colorau, para a noite festejar no clube municipal (ou Grêmio Presidente
Kennedy), onde é hoje a Câmara de Vereadores, ou no antigo mercado do centro,
transformado depois em clube.
Isto
acontecia comigo, pelo menos, até 1978/79. É isso.
*Artigo
publicado na edição de setembro do JORNAL A ESPERANÇA (Natal), na coluna “Extra
Pauta”, do jornalista José Vanilson Julião