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Mais uma obra de alvenaria descaracteriza a originalidade da praça Tomaz Pereira de Araújo, como já ocorreu nos anos 90
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Independentemente de quem seja o gestor público, todo cidadão torce e vibra para que melhorias sejam feitas em uma cidade, por menor e por menos recursos que ela disponha, num Brasil carente de um desenvolvimento econômico e social homogêneo e menos concentrador de renda em favor das grandes cidades e em detrimento das menores. No começo de agosto estive em Cerro Corá e fiquei curioso, ouvi pessoas, conversou-se sobre a expectativa da remodernização da Praça Tomaz Pereira de Araújo, no centro da cidade. |
Diga-se "remodernização" porque restauração não é, talvez necessitasse de uma repaginada, mas não é isso o que o cidadão cerrocoraense, na minha opinião pessoal e numa análise de um leigo que não é engenheiro e nem arquiteto, esperava da reforma de um equipamento público como é a praça Tomaz Pereira de Araújo, a principal e no centro da cidade.
Certa vez, em conversa com o ex-prefeito e atual vereador Clidenor Pereira de Araújo Filho, o "Codô", e acho que ele admitiu o erro, afirmei o quanto sua administração equivocou-se em permitir e ceder áreas no entorno da praça, como as obras de alvenaria que ali se encontram atualmente.
Na conversa franca com "Codô", ela ainda havia admitido que quase cedera um espaço para a construção de uma obra no calçamento de acesso à Casa Grande, um patrimônio histórico, embora seja uma propriedade privada, de nossa cidade. Felizmente, ele recuou a tempo de permitir tal coisa.
Não que o blogueiro seja contra o ganha-pão de pessoas amigas, que todos nós temos em nossa cidade, no entanto, o que se está fazendo com a praça Tomaz Pereira de Araújo é um descompromisso com Cerro Corá, e a descaracterização de um equipamento público que devia de servir de passeio, de lazer e espaço para os namorados, casais, crianças e pessoas que visitam Cerro Corá.
O erro histórico cometido nos anos 90 volta ser feito em Cerro Corá, como também, sem entrar no mérito da questão social, permitiu-se a construção de obras de alvenaria no meio da rua e em outras praças, como a Benvenuto Pereira.
Lembro bem, que em fins dos anos 60 e começo dos anos 70 e na década seguinte, o "boinho" ou barraco de madeira onde a saudosa dona Lourdes Bezerra, mulher do também saudoso "Seu Horário" vendia cafezinho e refeições para os caminhoneiros que vinham de Fortaleza ( CE) para Campina Grande (PB) via Cerro Corá, e que ficava ao lado da residência de Valdemar Ferreira de Lira, foi retirado pelo poder público justamente para melhorar o visual do centro da cidade. Mesma coisa foi feita com o posto de gasolina, que pertenceu ao saudoso José Walter Olímpio, que também serviu de bar posteriormente, a fim de permitir a reurbanização do centro da cidade.
A praça Tomaz Pereira de Araújo era, nos anos 60, não mais que uma área de terra batida, tendo no meio e num pedestal o busto daquele, que não foi o fundador da cidade, mas de um dos primeiros indutores do desenvolvimento do município. Anos depois, salvo engano, na gestão do prefeito Francisco Pereira de Araújo, o "Pereirão", fez-se, sim, uma praça com aspectos modernos, mas, que, de lá pra cá, foi perdendo suas características originais, sem que o poder público oferecesse qualquer debate ou projeto para avaliação da sociedade ou mesmo de discussão perante a Câmara de Vereadores.
Resisti ao máximo falar sobre essa questão, afinal, temia que estivesse sendo do contra só por ser contra, que não é o caso, e fosse mal compreendido pelos nossos conterrâneos, afinal, todos têm direito a uma opinião. Mas, como dizia Nelson Rodrigues, que toda "unanimidade é burra", não tive como esconder a tristeza e o desapontamento em ver como, ao longo do tempo, um dos mais bonitos cartões postais da cidade, com 10.916 habitantes, venha sofrendo tantas mutilações sem um projeto real e claro de modernidade.
Evidentemente, uma cidade pequena, que não tem indústria, e a atividade econômica se restringe, como se dizia antigamente, a uma agricultura e pecuária de subsistência, e a um pequeno comércio, hoje se torce para que a interiorização do turismo, a chamada indústria sem chaminé, torne-se o caminho para que os jovens e crianças cerrocoraenses tenham um futuro melhor.
Mas, em nome do desenvolvimento econômico e do incentivo ao artesanato, transformar a praça Tomaz Pereira, como todos já viram, num "mercado persa", não era isso que a maioria dos cerrocoraenses gostaria de ver, apesar de todo o crédito de confiança que todo cidadão deposita na administração pública em sempre fazer o melhor para Cerro Corá. (José Valdir Julião).