Por José Vanilson Julião
Jornalista
O chamado "esporte bretão" começou a ser praticado no município de Cerro-Corá (região do Seridó) nos primeiros anos da década de 30, época em que foi fundado o Caraúbas Sport clube, um dos primeiros nomes do lugar, então pertencente a Currais Novos. Naqueles dias Othon Osório, de tradicional família curraisnovense, doou o terreno para o campo de jogo. Em sua homenagem, hoje, o pequeno estádio da cidade leva o seu nome.
No final da década seguinte (40) retornava ao então distrito de Currais Novos, recém formado engenheiro agrônomo pela escola de Lavras, no Estado de Minais Gerais, Manoel Wilson Pereira de Araújo, filho do chefe político local, Tomáz Pereira de Araújo, que dá nome a principal praça, situada no centro da cidade.
Foi Wilson que idealizou o surgimento do segundo time de futebol local.O nome não poderia ser outro: Cerro Corá Clube. A camisa era listrada de preto e branco e o time sobreviveu até 1955, portanto dois anos após a emancipação política e administrativa do distrito.
Consta que uma das exibições mais famosas do elenco doméstico foi contra o "Potengi", da vizinha cidade de São Tomé. Nesse jogo os cerrocoraenses formaram com Edgar (alfaiate), Ednor Pedro de Melo (operário da mina Bodó), José Wálter Olímpio (comerciante e dono de terras), Capiracó (emprestado, de fora), Toinho Nascimento, Divaldo, Ranulfo (seria o craque do time), Joãozinho e Diogo, além de um outro não identificado.
O Cerro Corá saiu vitorioso e a renda somou Cr$ 1.268,00 (cruzeiro velho. moeda da época, implantada em 1942 em lugar do mil réis, ainda na Era Vargas).
Outra formação, do agora alviverde Cerro Corá, mas já nos anos 60, tinha Chico Canário, Edinor, Dé, Guimarães, Galego de Passarinho, cabo Toinho, Chiquinho dos Correios, Neneco e o sargento Jackson.
Outra fase áurea do futebol cerrocoraense aconteceu com o incentivo (financeiro, logístico e partenal) do vereador, vice e prefeito José Julião Neto, falecido comerciante e servidor público estadual. Foram os tempos do Campo Grande, Juventus, grená ou roxo semelhante ao time da capital paulista, e do Grêmio Presidente Kennedy, surgido entre 1967/68.
O alvinegro GPK disputou embates memoráveis com o Potengi citado acima, mais Independência, o Benfica e o Potiguar, ambos de Currais Novos.
Um dos maiores feitos do GPK foi contra o Benfica, eliminado em casa, no estádio Coronel José Bezerra, pelo placar de 2 x 1. O resultado levou o GPK a disputar as finais do antigo Matutão em Natal, em 1972, mas por questões políticas terminou não acontecendo a viagem dos cerrocoraenses, fortalecidos com nomes consagrados do futebol curraisnovense.
(O texto, com algumas modificações atuais, foi elaborado para sair na terceira edição do "JORNAL DO TORCEDOR", na capital potiguar, mas terminou não saindo do prelo, em novembro de 2003.)
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