sexta-feira, 25 de junho de 2021

Artigo de Adevaldo Oliveira

A DOENÇA DA SOLIDÃO

Acredito que nunca um ser humano imaginou viver, sofrer, morrer e se enterrar numa quase profunda solidão. 

Mas de 2020 para cá, com a COVID-19, vivemos essa quase desalentosa solidão. Acredito que pela primeira vez em toda a existência da vida humana nunca se viu, uma catástrofe tão grande, uma quantidade tão expressiva de pessoas contaminadas e hospitalizadas no mundo inteiro por causa de uma só doença como estamos vivenciando agora.

Catástrofe essa, provocada por um vírus traiçoeiro, rápido na tarefa de destruir órgãos humanos e consequentemente matar em pouco tempo. 

Um povo em grande parte amedrontado, trancado, preso em sua própria casa para se defender da contaminação.

E outros desafiando a lei da gravidade, imaginando que só os outros poderão se contaminar e não eles. E aí da mesma forma que é o desafio, é também o risco que se coloca também nos que estão se preservando na quase profunda solidão em suas casas.

Solidão para os contaminados em casa, nos hospitais, nos Centros de COVID, solidão para os que ficam em casa, na angustia, no medo, na preocupação de como será.

Felizes os que conseguem vencer as doenças causadas pelo vírus e ficam sem sequelas, conseguem voltar a viver a nova normalidade, mas nem sempre é assim.

Muitos nem voltam mais para casa, vão direto para a morada eterna. Muitos isolados nos Hospitais convencionais ou de campanha, não podem receber visitas de parentes, amigos, muitas vezes não conseguem vencer a guerra contra o inimigo. 

Morrem, sem ver seus parentes, nem os parentes podem ver, viajam de ida e volta para os hospitais sem a companhia dos mesmos, enterram sem quase ninguém e finalmente fica apenas a lembrança pelo feito que realizou na vida, a saudade sem fim, sem  trégua por parte dos parentes e de alguns amigos verdadeiros. 

Só Deus é capaz de por fim a tudo isso, se nós humanos merecermos, mas se não só a dor que é muito grande, cenas fortes, abaláveis demais.

A solidão é tão triste, desumana, ruim, que parece não ter fim, parece que a garra que temos pelo trabalho, pelo movimento da vida normal estão indo junto com as doenças causadas pelo COVID-19, mesmo não sendo em você. 

O psicológico me parece impaciente, inconstante, desestruturado que as vezes se chega a acreditar, que com esse tal de COVID-19 virá as doenças relacionadas aos fatores psicológicos em pessoas no mundo inteiro. 

Essa epidemia ceifa vidas, distorce mentes, desorganiza a vida social, econômica e ambiental das pessoas humanas e das famílias, seja elas: pobres ou ricas, aqui não tem classe social, veio como uma bomba, espatifou as pessoas, as sociedades, aprisionou o ser humano e deixou várias cenas de mortes, dor e sofrimento para a humanidade.

Nossa cultura foi ferida, não se pode mais apertar a mão, dar um abraço, um beijo. Ainda bem que sobrou um sorriso para quem pode dar, um aceno, um gesto, o sentimento afetivo.

O mundo após a DOENÇA DA SOLIDÃO vai ter uma divisória do antes da pandemia e o depois da pandemia.

Muitos valores se vão com ela e outros surgirão por meios da tecnologia, por meio da reinvenção de nossa gente, muitos costumes se vão e outros surgirão.

Enfim,  as relações humanas e de trabalho mudarão muito daqui para frente. Mas a vida continua, Deus no comando, fé e esperança para os que ficam e amor no coração. FAÇAMOS NOSSA PARTE.

Adevaldo da Silva Oliveira é professor

4 comentários:

Professor Francisco disse...

Parabéns pela narrativa professor,pois, é uma verdade e um tempo de reflexão.

Professor Francisco disse...

Parabéns pela narrativa professor,pois, é uma verdade e um tempo de reflexão.

Unknown disse...

Muito obrigado Professor Francisco e também ao Blogueiro Valdir Julião pela Publicação.

Unknown disse...

Parabéns Azevedo pelo belo texto e Valdir pela sensibilidade e publicação.