quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Artigo: "As ruas da minha cidade II"

Por José Vanilson Julião*
No texto anterior comentei sobre as minhas andanças, ao lado dos amigos de infância e pre-adolescência, pelas avenidas, ruas e becos da minha cidade natal. Citei o bairro Tancredo Neves (antiga Casa velha), a “rua da Ponte” – onde residia a familia de Ze Rodrigues (numa casa comprada ao meu avô materno, Zé Ribeiro da Silva).
Além das ruas “de cima” (Tristão de Barros), “de baixo” (monsenhor Paulo Herôncio), a “do comércio” (Vivaldo Pereira, atual Sérvulo Pereira), praticamente um prolongamento da Paulo Herôncio, e que termina na cabeceira da via de acesso à ponte do açude Eloi de Souza, ambas divididas pelo largo da praça Tomaz Pereira de Araújo.
Mais a avenida Sao João (transversal a pracinha), a (“rua da igreja matriz”), padroeiro da urbe, e a Benvenuto Pereira, dividida ao meio pela praça Maria Luiza Guimarães. Ainda a “rua do Motor”, que dava acesso ao “Corredor”, um dos locais de banho da rapaziada e lavagem de equinos (burros e cavalos) no reservatório de água da cidade.
Nesta era costume, nas noites das festas juninas, os meninos soltarem fogos de artifícios, assar milho e se aquecer na grande fogueira armada em frente a mercearia do comerciante Antonio Vieira, que vendia o melhor cuscus. Também surge na memória a casa de calçada alta de um senhor que comercializava fumo de corda ou rolo na feira livre dominical, que terminava no final da tarde.
Recentemente, depois de seis anos, ao me dirigir para votar em um colégio particolar na cidade, o mano fez um rápido comentário sobre a “rua da baixa”. É uma ladeira, que começa na Benvenuto Pereira (prolongamento anterior da Paulo Heroncio). Residi com meus pais nesta rua, no começo dos anos 60, na casa onde morou seu Antonio Amaro, pai de Juarez.
Na rua “da baixa” morou Vivaldo, dono da principal oficina da cidade, de onde se avistava o açude Tapuio, no fundo do vale, entre as serras. Na mesma rua residiram meus avôs maternos (o citado Ribeiro e dona Jovelina), donos de uma “charrete”. Na oficina papai deixava para consertos: duas Kombi Volkswagen, duas caminhonetas Jeep (da Willys Overland, depois comprada pela Ford), uma caminhoneta GMC (General Motors Company), da divisao Chevrolet e um Fusca vermelho (citado no primeiro artigo).
Quando da ida a Cerro Corá para a votação no primeiro turno das eleições deste ano, disse ao mano, pelo menos duas vezes, que os espaços da cidade estao praticamente todos tomados por construções particulares, residencias ou estabelecimentos comerciais. Um exemplo são as antigas ruas do “matadouro”, a vizinha rua “da cadeia”, e ate onde ficava o “lixo do boi”, onde existia um grande buraco, na confluencia da avenida Sao João, logo atrás do prédio da Prefeitura.
Afora, é claro, da rua “da feira”, por trás do antigo mercado público. É a mesma “artéria” do antigo bar “Rabo da Gata”. Ao lado outro caminho para o “catavento”, outro local de mergulho no açude, de onde atravessa-se para o outro lado do reservatorio, a braçadas, em câmaras de ar ou em pendões de agave, em direção a “pedra grande”, que foi demolida nos anos 80. E tinha a “rua do cigano”…

*José Vanilson Julião é jornalista free-lancer em Natal, com passagens pelos diários "Tribuna do Nort" e "Diário Natal", semanário "Jornal de Natal" e mensário "A Grande Natal".


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