domingo, 15 de abril de 2012

Reminiscências poéticas de Edson Pereira

"CASA GRANDE"  *


Casa Grande, Casa Grande,
Que hoje tanto me doe,
Pedaço de minha vida,
Da minha infância querida,
Que o tempo não reconstrói


Casa Grande eu me lembro
De minha mãe e meu pai,
De meus irmãos e irmãs,
De doces recordações,
Cujo tempo já se vai.


Casa Grande eu recordo
"Tetê", "Vitô" e "Didita",
De "Zé Preto" e de "Verdura",
Que para mim era aventura
Guiá-lo com tanta dita.


Eu me lembro que meu pai,
De uma de construtor.
Casando a primeira filha
Tu ficaste - maravilha!
Aos olhos do viajor.


Casa Grande, o progresso
Desvirginou tua frente,
Porque teus ficos cortaram?
Porque não te conservaram
Para alegria da gente?


Debaixo daqueles ficos,
Eu guardo bem na memória,
Vendo meu pai numa rede,
Recostado na parede,
"Pintado" contando estória.


A meninada escutando,
Esperando o seu final,
Em torno de uma bacia
Debulhava com euforia
Produtos de seu quintal.


De dançar, meu pai gostava,
E clareou sua mente,
Com a segunda intenção,
Aumentou no casarão
A sala grande da frente.


Casa Grande, quantas festas
Assisti tão inocente,
A fina flor da cidade,
A nossa sociedade,
Brincava ali docemente.


Eu te deixei Casa Grande,
Á procura de estudo.
Eu via dos olhos meus
Os ficos dizendo adeus,
Me deixando quase mudo.


Voltei para gerenciar
A firma do meu irmão.
Encontrei-a quase só,
"Tetê ", "Joana" e "Cocó"
Morando no casarão.


Para ficar majestosa
Foi feito um primeiro andar.
Quantas vezes organizei
Na área que cimentei,
Para te valorizar.


Fizeram na tua frente
Um Museu Municipal,
Amanhã pra nossa glória,
Tu serás a nossa história,
Num museu nacional.


Quando amanhã, Casa Grande,
Me chamarem de saudade,
Peço a Deus que me mande
Residir na Casa Grande
Como espírito de amizade.

* Poesia datada de 30 de maio de 1982.

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal as quadrinhas de Edson, irmão de Wilson, Sérvulo, Francisco, Clotilde...

José Valdir Julião disse...

Este último trecho ai, da poesia, é atualíssimo. Acho que pode ser simbolizado pela volta da oftalmologista Altiva Maria Pereira para a Casa Grande, ao lado do marido Wallace Pereira, primo em primeiro grau e filho do tio Manoel Wilson Pereira de Araújo...

José Valdir Julião disse...

Interessante também a sua preocupação com a preservação ambiental, tão em voga hoje em dia, devido o corte dos pés de "ficus", que existiam onde é hoje aquele grande pátio aberto da Casa Grande, bem como as árvores que existiram, até a segunda metade dos anos 60, ao longo da avenida São João, principalmente...

Anônimo disse...

Embaixo daqueles ficus, que tão viva memoria tenho, assisti, quando menino, muitos leilões da festa do padroeiro São João. Grandes tempos da nossa querida terra. Saudades!!! João Vilmar de Azevêdo

José Valdir Julião disse...

Um prazer enorme em ter um leitor qualificado como o agrônomo João Vilmar de Azevedo, a quem tive a satisfação de entrevistar, há algum tempo, quando ele era presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Rio Grande do Norte (Aplacan), ali na rua Potengi, em Petrópolis, em Natal (RN)...